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Fibrose septal

Impacto na Regurgitação tricúspide

As valvas átrio ventriculares tem um aparato mais complexo e pode sofrer, mais frequentemente, influência dos componentes que interagem ao redor da valva propriamente dita.

Esse é o racional para o desenvolvimento das valvopatias funcionais e que atualmente tem sido profundamente estudadas em um contexto de insuficiência cardíaca.

A regurgitação tricúspide funcional depende na sua grande maioria das vezes da dilatação ventricular e deslocamento das paredes, mas um fato interessante e pouco estudado é o comportamento do septo interventricular nesse complexo mecanismo, visto que essa localização expressa uma interrelação entre ventrículos direto e esquerdo.

A presença de fibrose miocárdica pode ser um fator adicional na repercussão anatômica de determinada disfunção ventricular no aparato valvar mitral do lado esquerdo e tricúspide do lado direito.

A presença de fibrose miocárdica vista pela ressonância, quando presente no septo interventricular agrega um valor prognóstico pior aos casos de insuficiência tricúspide funcional.

Interessante notar que a prevalência desse achado é surpreendentemente elevado nessa população de pacientes com regurgitação tricúspide funcional de grau avançado.

A insuficiência tricúspide é marcada por uma dilatação ventricular associada a algum grau de pós-carga elevada por elevação das pressões de enchimento do lado esquerdo. De certa forma, a presença dessa fibrose é um remodelamento mal adaptado a um stress de parede elevado.

Talvez por estar lidando com a tensão mecânica de ambos os lados, o septo seja uma região mais vulnerável a desenvolver fibrose intersticial.

A fibrose septal aumenta a rigidez miocárdica, limita a complacência do ventrículo direito e o enchimento diastólico e, em última análise, contribui para a redução do volume sistólico e do débito cardíaco geral. Além disso, a fibrose septal restringe o movimento septal, o que prejudica a interdependência ventricular e exacerba o estresse da parede.

Dessa forma, a presença de fibrose septal pode servir como consequência e como contribuinte para remodelação adversa na regurgitação tricúspide, destacando assim seu papel potencial na progressão da insuficiência cardíaca direita.

Um fato importante é que a função do ventrículo direito e a gravidade da regurgitação tricúspide são caracteristicamente dinâmicas e influenciadas por

condições de carga, enquanto a fibrose miocárdica pode representar um marcador mais estável de doença avançada.

Embora ainda não fique claro o seu papel na repercussão da insuficiência tricúspide, a presença de fibrose miocárdica septal é mais um dado que pode ser explorado na estratificação de risco desses pacientes complexos e com evoluções nem sempre favoráveis.

Literatura Sugerida: 

1 – Villar-Calle P, Pai V, Zhang RS, et al. Nonischemic Septal Fibrosis in Functional Tricuspid Regurgitation Provides Incremental Stratification of Adverse Remodeling and Prognosis. JACC Cardiovasc Imaging. 2025 Jun 20:S1936-878X(25)00260-8.

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