Hemodinâmica da TAVI

Quando falamos em avaliação ecocardiográfica de próteses valvares, já trazemos ao debate toda uma complexidade técnica que demanda expertise e metodologia.

O formato do fluxo transprotético desenhado no gráfico de velocidade e tempo é um dos pontos chaves nessa avaliação de próteses valvares aórticas, inclusive fazendo parte de um tradicional fluxograma de avaliação de deterioração.

Tradicionalmente curvas arredondadas desse envelope ejetivo sinalizam para disfunção valvar do tipo estenose e isso pode ser medido objetivamente pelo tempo de aceleração.

Com um corte em 100 ms, valores que se apresentam maiores do que isso, apontam para o não funcionamento adequado do dispositivo.

Recentemente outro marcador baseado nessa lógica veio para a mesa de debate e pode ser interessante para uma tomada de decisão em casos mais complexos.

Em pacientes que foram submetidos a TAVI, uma proporção entre o tempo de aceleração em relação ao tempo total de ejeção ventricular maior do que 35% aponta para casos com maior risco de descompensação de insuficiência cardíaca no acompanhamento.

Vale ressaltar que esse achado quando visto em pacientes portadores de estenose aórtica nativa já sinalizava para esse mesmo achado, mas também a uma mortalidade maior, fato não encontrado na avaliação da prótese.

Uma boa justificativa para isso é o fato de o tratamento TAVI ter impacto tão importante na sobrevida que consegue ser o suficiente para não vermos maior mortalidade em casos com possível disfunção protética, mas ainda melhor do que a obstrução anterior ao tratamento.

Por se tratar de uma coorte envelhecida na imensa maioria dos casos a predição e mortalidade pode ficar prejudicada, da mesma forma que encontramos na análise do gradiente médio pós-TAVI. Mesmo elevado, não se mostrou como preditor independente de mortalidade na maioria das publicações, provavelmente por termos uma população envelhecida e já com mortalidade elevada por outras razões.

Vale ressaltar que a relação de tempos tem vínculo inerente com o perfil hemodinâmico do dispositivo implantado e pode trazer informações relevantes além apenas da análise dos gradientes e área protética aumentando assim as informações de acompanhamento da prótese.

Seria essa uma forma também de explicar os desfechos clínicos semelhantes entre tipos de prótese TAVI, independente de gradientes médios distintos entre balão expansíveis e autoexpansíveis, visto que a correlação com valores acima de 35% foi semelhante entre os dispositivos.

Um passo a mais no entendimento mais acurado dos desfechos clínicos além de meros dados hemodinâmicos…