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Acoplamento Ventrículo-Arterial

Nova leitura da tricúspide…

Um dos avanços mais recentes da estratificação na cardiopatia estrutural é a compreensão do binômio miocárdio-valvula como uma estrutura que merece atenção, principalmente quando falamos das valvas atrioventriculares.

Isolar essas variáveis faz com que o cardiologista avalie de forma limitada a gravidade da patologia e mais, entenda de forma fragmentada a repercussão hemodinâmica que determinada valvopatia possa causar às cavidades.

Diante de uma regurgitação tricúspide, a evolução de cada paciente é variável e depende de uma série de fatores que em conjunto nos trazem casos mais ou menos graves.

O ventrículo direito precisa lidar com o volume aumentado diante da regurgitação e também com a resistência que a circulação pulmonar coloca à adequada ejeção sistólica, ou seja a pós-carga ventricular. Só nessa avaliação, o comportamento dessas variáveis nos mostra a complexidade fisiopatológica imposta.

Uma das formas desenvolvidas para tentar trazer para o dia a dia do clínico de forma prática essa leitura é a medida do acoplamento ventrículo-arterial que é uma relação do valor do TAPSE pela pressão de artéria pulmonar.

Quanto melhor a performance contrátil do ventrículo frente a uma facilidade de ejetar o sangue na vasculatura pulmonar, melhor é o prognóstico do paciente.

Em recente análise, pacientes que apresentavam valores de acoplamento que sinalizavam para uma desproporção tiveram mortalidade aumentada no acompanhamento clínico de 1 ano, independente do tratamento clínico otimizado dos pacientes e essa proporção ocorreu de forma contínua, ou seja, quanto pior, maior a mortalidade.

O tratamento transcateter com clipagem da valva tricúspide se mostrou benéfico em casos considerados até intermediários, com a relação abaixo de 0,41mm/mmHg assinalando talvez um grupo de pacientes que ainda esteja dentro da janela de tratamento.

A avaliação combinada da função sistólica do ventrículo direito com a pressão de artéria pulmonar, pode trazer um indicador valioso e mais sensível de estadiamento da doença valvar tricúspide.

Como ainda não existem estudos dedicados a desfechos clínicos específicos, ainda é precoce extrapolar para pacientes com o pior cenário de acoplamento como pacientes a serem considerados fúteis para o tratamento intervencionista, mas podemos levar esse novo parâmetro como uma forma de ler mais detalhadamente a compensação hemodinâmica do paciente frente as valvopatias.

Literatura Sugerida: 

1 – Rommel KP, Schlotter F, Stolz L, et al; Euro-TR Investigators. Right Ventricular-Pulmonary Artery Coupling in Tricuspid Regurgitation: Prognostic Value and Impact of Treatment Strategy. JACC Cardiovasc Interv. 2025 Jun 9;18(11):1411-1421.

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