Autoexpansível ou Balão

Com o avanço da tecnologia envolvida no desenvolvimento de próteses transcateter, tomar uma decisão mais dedicada a cada paciente passou a ser uma tarefa nem sempre simples que o cardiologista clínico deve tomar frente a seu paciente portador de cardiopatia estrutural. Partindo da máxima de que nem toda prótese é igual quando pensamos em TAVI, algumas publicações tentam comparar dispositivos e mecanismos de entrega para entendermos se há, e fato, alguma superioridade nesse cenário.

Uma comparação entre próteses com implante de folhetos intraanulares colocou frente a frente dois mecanismos de entrega, as autoexpansíveis e as balão-expansíveis para entendermos se encontramos algum desfecho clínico diferente no acompanhamento.

Aparentemente, no acompanhamento de 1 ano, desfechos duros não apresentam diferença com os dispositivos de última geração que se enquadram nesses parâmetros, como a NAV da Abbott e a Ultra da Edwards.

Dados hemodinâmicos também foram avaliados e alguns pontos merecem uma discussão mais pormenorizada.

Sob a perspectiva do VARC-3, a segurança das próteses parece semelhante e o sucesso técnico também, mas o gradiente médio residual, mesmo que baixo em ambos os dispositivos, se mostrou levemente superior no dispositivo balão-expansível. A necessidade de marcapasso definitivo foi superior no dispositivo autoexpansível, corroborando o que encontramos rotineiramente na literatura.

Vale ressaltar que, por demandar mais implantes de marcapasso, encontramos também maior internação hospitalar no acompanhamento, mas sem impactar negativamente a mortalidade nesse período.

Tempo de internação hospitalar também sofreu a mesma repercussão nos pacientes com prótese autoexpansíveis por maior taxa de distúrbios de condução e necessidade de marcapasso.

O combinado de gradiente médio e área protética que pode ser chamado de perfil hemodinâmico, se mostrou melhor no dispositivo autoexpansível, mas olhando para desfechos clínicos, não houve impacto, colocando essa variável sob questionamento de seu real valor.

Obviamente o acompanhamento foi curto para podermos decretar que esses achados não teriam impacto clínico relevante, mas até o momento, não parece ser um achado tão impactante.

Uma nova geração dessa prótese balão-expansível já está disponível para implante, a Ultra Resília e traz resultados hemodinâmicos melhores quando comparados os da prótese utilizada nessa comparação já publicada.

Leak paraprotético acima de moderado é raro e semelhante em ambas as próteses, mas regurgitações menores são mais frequentes em dispositivos autoexpansíveis o que também não apresentou impacto clínico relevante no acompanhamento, merecendo a mesma reflexão sobre os dados hemodinâmicos discretamente diferentes.