Custos de TAVI e SAVR

Na cardiologia invasiva, as discussões sobre qual técnica usar e qual procedimento executar são sempre baseadas nos achados da medicina baseada em evidências, muito bem documentadas e diretrizes e guidelines.

No entanto, ciente de que os recursos financeiros não são infinitos e que existe uma racionalização dos gastos na saúde, determinadas decisões podem esbarrar em questões de disponibilidade de determinado procedimento ou mesmo no custo institucional dele.

Dados brasileiros são escassos sobre esses aspectos na cardiopatia estrutural, mas observando os Estados Unidos, podemos trazer alguns insights interessantes para tentarmos interpretar o ambiente profissional em que estamos.

Comparando TAVI e cirurgia convencional para estenose aórtica nos Estados Unidos, houve uma grande difusão do TAVI nos últimos anos o que elevou sobremaneira os custos com esse método.

Margens de lucro puderam ser avaliadas em cada procedimento e a luz dessa informação foi possível traçar algumas conclusões. Locais em que determinado procedimento gera mais lucro tendem a ter sua incidência aumentada, mas alguns vieses podem mudar um pouco essa balança, ou ainda melhor, otimizar esses achados.

De forma geral, centros universitários realizam mais TAVI do que os demais e um dado interessante é demonstrado. Nesses locais o lucro do procedimento é maior do que os demais, demonstrando uma otimização que incentiva ainda mais a realização do procedimento “escolhido” pela instituição.

O mesmo foi visto em centros privados com fins lucrativos. A otimização da margem do procedimento de escolha foi bem notada.

No entanto, não foi observada uma diferença que levantasse algum tipo de viés de seleção de procedimento de acordo com distribuição geográfica ou mesmo densidade populacional.

Em instituições que aparentam ser menos organizadas essa distribuição de procedimentos parece se misturar homogeneizando os achados em plano nacional.

Embora em algum grau a questão financeira possa interferir na preferência institucional por determinado procedimento, o trabalho conjunto das lideranças buscando o melhor para o paciente frente a uma otimização na linha de produção institucional parecem ser o melhor caminho sustentável para oferecer os melhores procedimentos para a população.

Trazendo esses achados para nosso panorama nacional, enfrentamos outros desafios que tornam esse equilíbrio muitas vezes desafiador. Estrutura profissional com treinamento inadequado, equipamentos algumas vezes defasados e influência questionável da indústria são situações que podem ser trabalhadas adequadamente para essa otimização e difusão de métodos considerados extremamente caros, mas que se realizados com organização e coerência, trazem a possibilidade a cada vez mais pacientes.