A estenose mitral reumática segue altamente prevalente em países de baixa e média renda e, no Brasil, a dimensão territorial, a heterogeneidade no acesso e a sobrecarga do SUS fazem da seleção adequada para Valvuloplastia Mitral Percutânea (PMC) uma decisão tanto clínica quanto de saúde pública.
O recente artigo “Assessment of suitability for percutaneous mitral commissurotomy: a contemporary review of key anatomical criteria and predictive models” analisa a base que sustenta essa seleção e discerne sobre os critérios e preditores para o sucesso do procedimento. E qual seria esse indicador de sucesso? A área valvar acima de 1,5 cm², sem produzir nova regurgitação mitral significativa após o balonamento.
A avalição da válvula mitral e seus preditores de sucesso de PMC se dá através da análise da calcificação valvar, aparelho subvalvar e padrão de fusão comissural. No que tange à calcificação: quanto mais calcificada e fibrosada a valva (especialmente em região comissural), menor a chance de obter uma área valvar efetiva com o balão. Em coortes amplas, a ausência de calcificação associou-se a maior taxa de sucesso imediato (93% vs 80%). Conforme a gravidade da calcificação progride, a área final cai, e a probabilidade de sucesso também; por exemplo, calcificação moderada a importante duplicou a chance de insucesso (OR 2,1). Quando a calcificação é mensurada de forma ecocardiográfica através do score de Wilkins, a forma moderada/severa reduz a taxa de sucesso (≈95% com calcificação leve vs. ≈76% com moderada/alta) e aumenta o risco de reestenose a médio prazo.
O Score de Wilkins possui relevante valor em padronizar a avaliação e quantificar a complexidade da Estenose Mitral, apesar disso, por ter sido desenvolvido em um contexto de aperfeiçoamento da técnica de PMC, atualmente percebe-se que para grupos em que o score é intermediário (8-12), ocorre sobreposição entre os pacientes que teriam uma melhor pior resposta (coeficiente de correlação entre o score e a variação de área moderado (r=~0,40) ).
Como proceder então frente aos recursos atuais? A ecocardiografia 3D operacionaliza essa transição. O RT3DE score (tabela), pondera em maior relevância a calcificação comissural/justacomissural e qualifica a separação cordal em três níveis, mostrou melhor discriminação que o score de Wilkins (C-stat ≈ 0,87 vs 0,80) e reprodutibilidade superior justamente nos domínios em que método 2D carece (calcificação e aparelho subvalvar). Em paralelo, escores focados, como o “calcificação-subvalvar” (Rifaie), superaram o Wilkins para predizer mau resultado com corte simples (> 4), combinando sensibilidade por volta de 87% e especificidade de 83%. É claro que esses instrumentos não substituem o exame, mas tornam mensurável o que o operador experiente já qualificava.
Em se tratando de estratégias, principalmente em sistemas de saúde com restrição de próteses biológicas duráveis e anticoagulação problemática em mulheres jovens sequenciar a avaliação é fundamental. O Escore de Wilkins apresenta importante funcionalidade para quantificar os casos extremos (≤ 6–8, maior benefício percutâneo; ≥ 12, maior benefício cirúrgico). No grupo intermediário, a estratificação com o uso de avaliações ecocardiográficas mais avançadas possibilita a análise de simetria comissural, grau e localização da calcificação (dando peso a comissuras), doming efetivo e extensão de doença subvalvar em 3D. Se a impressão final é de comissuras simetricamente fusionadas, pouca calcificação comissural e aparelho subvalvar pouco espesso, o balão apresenta benefício clínico relevante. Se, ao contrário, há calcificação comissural, assimetria marcada e aparelho subvalvar adensado, o risco é aumentado de área valvar reduzida resquicial ou Insuficiência Mitral residual significativa.
Literatura Sugerida:
1 – Abdelghani M, Nunes MCP, Anwar AM, Prendergast B. Assessment of suitability for percutaneous mitral commissurotomy: a contemporary review of key anatomical criteria and predictive models. Eur Heart J Cardiovasc Imaging. 2024 May 31;25(6):739-753.
Click Valvar Academy#680 – Screening de EMi
Confira o artigo completo
| Cookie | Duração | Descrição |
|---|---|---|
| cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
| cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
| cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
| cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
| cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
| viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |
Privacidade e cookies: Este site usa cookies. Ao continuar no site você concorda com o seu uso. Para saber mais, inclusive como controlar cookies, veja aqui: Política de cookie
As configurações de cookies deste site estão definidas para "permitir cookies" para oferecer a melhor experiência de navegação possível. Se você continuar a usar este site sem alterar as configurações de cookies ou clicar em "Aceitar" abaixo, estará concordando com isso.