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Extração Cirúrgica de eletrodos na infecção

Ainda hesitamos?

Atender um paciente com infecção associada a um Dispositivo Cardíaco Eletrônico Implantável (DCEI) representa um grande desafio na prática clínica. Com frequência, a primeira reação é optar pela manutenção do sistema, seguindo estratégias conservadoras e menos invasivas, motivadas pelo receio de complicações relacionadas à extração dos eletrodos e, muitas vezes, pela limitada experiência da equipe envolvida, mesmo quando as diretrizes atuais indicam claramente o caminho oposto.

Buscando responder se a experiência dos centros na extração de dispositivos influencia os desfechos dos pacientes, o estudo “Impact of hospital lead extraction volume on management of cardiac implantable electronic device-associated infective endocarditis” publicado no Europace analisou mais de 21 mil hospitalizações por endocardite associada a DCEI nos Estados Unidos. Os hospitais foram categorizados de acordo com o volume de procedimentos de extração transvenosa de eletrodos (TLE): baixo volume (≤17 extrações/ano), médio volume (18–45) e alto volume (>45).

O achado inicial do estudo é alarmante: apenas 13% dos pacientes, em média, foram submetidos à extração completa do sistema de estimulação. Em centros de baixo volume, essa taxa foi de apenas 7%, enquanto nos de alto volume atingiu 26%. Além disso, os pacientes tratados em centros com maior experiência apresentaram uma chance quatro vezes maior de receber o tratamento adequado. Ainda assim, as taxas de complicações relacionadas ao procedimento (perfuração, tamponamento, lesões vasculares, pneumotórax) se mantiveram semelhantes entre os diferentes tipos de centros, variando de 2,3% a 3,4%.

Esses dados reforçam que a extração do eletrodo, quando indicada, é uma prática segura independentemente do volume de casos do hospital. Mas qual o real impacto dessa conduta nos desfechos clínicos? A resposta está na mortalidade: a análise demonstrou que a extração transvenosa está associada a uma redução significativa na mortalidade precoce, sobretudo em centros de médio e alto volume.

As diretrizes atuais, como as da AHA e da EHRA, são categóricas ao recomendar a remoção completa do sistema em casos de infecção — seja infecção da loja, bacteremia persistente ou endocardite. Essa conduta deve, portanto, fazer parte da rotina assistencial. Identificar a indicação e organizar a logística para a extração, mesmo que em outro centro com equipe especializada, é uma etapa essencial do cuidado.

Não se trata de uma medida heroica ou extraordinária, mas de um tratamento bem estabelecido, seguro e respaldado por evidências robustas. A hesitação deve dar lugar à ação baseada em diretrizes e melhores práticas.

Literatura Sugerida:

1 – Mandler AG, Sciria CT, Kogan EV, et al. Impact of hospital lead extraction volume on management of cardiac implantable electronic device-associated infective endocarditis. Europace. 2024 Dec 26;27(1):euae308.

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