IA na Cardiopatia Estrutural

Abordagens baseadas em inteligência artificial oferecem oportunidades para coletar e analisar bancos de dados em larga escala que integram dados estruturais valvares e cardiovasculares, inclusive com informações genômicas por meio de metodologias de imagem-genômica. Essa abordagem pode ajudar a descobrir determinantes genéticos da fisiopatologia das cardiopatias estruturais para estratégias de tratamento personalizadas, bem como delinear coortes específicas com fenótipos especiais dentro de um espectro da doença valvar, bem mais detalhada do que conhecemos hoje! Esse é um dos principais benefícios da formação de um “Big Data” na Cardiologia como um todo.

A adoção de tecnologias como essas acelera a transição para a saúde digital, em que o diagnóstico e a avaliação da gravidade das cardiopatias estruturais e o planejamento pré-procedimento podem se tornar totalmente automatizados. Em um hospital totalmente digital, o uso do processamento de informações para extrair diagnósticos, sintomas e dados demográficos e clínicos do prontuário eletrônico poderia ser combinado com a análise orientada por inteligência artificial com dados de estetoscópios digitais, eletrocardiografia e ecocardiografia para fornecer um sistema totalmente integrado para alertar os médicos sobre o diagnóstico e a progressão das valvopatias.

Além do ambiente hospitalar, a ampla adoção de tecnologia vestível, os “wereables” oferece a oportunidade de monitoramento ambulatorial contínuo facilitado por inteligência artificial além dos ambientes clínicos tradicionais; por exemplo, identificando o risco de deterioração em pacientes com estenose aórtica grave conhecida aguardando TAVI ou monitorando distúrbios de condução pós-procedimento para permitir alta precoce segura.

O conceito de salas de intervenção cognitivas apoiará ainda mais os intervencionistas em sua rotina, detectando automaticamente a fase do procedimento, analisando padrões-chave do fluxo de trabalho e prevendo o tempo restante do procedimento, ou fornecendo informações contextuais automáticas do prontuário eletrônico no momento certo do procedimento.

Falando sobre outros pontos fundamentais em que a tecnologia pode ser um divisor de águas, temos a educação. Quem acompanha a mais tempo o The Valve Club sabe a missão que temos em educar o colega médico para que melhoremos o nível da saúde prestada e que com isso o paciente em todos os locais se beneficie de uma abordagem mais adequada e com melhores desfechos.

O ensino é um dos pontos que mais se beneficiam do uso de inteligência artificial. Simulações realísticas, tutores virtuais navegados por inteligências artificiais, imagens de fusão, impressão tridimensional e realidade virtual são ferramentas já disponíveis e que cada vez mais fazem parte da formação dos profissionais.

A constituição de um novo modelo de Heart Team já é uma realidade. Lado a lado teremos cardiologistas, ecocardiografistas, intervencionistas, cirurgiões e diversos outros colegas, interligados por tecnologia, aplicando em seus domínios de expertise suas ferramentas e que podem ser assistidos paralelamente com uma inteligência artificial que organiza, dinamiza, reduz ruídos e melhora processos, todos direcionados para a melhor tomada de decisão com o paciente no centro de todo esse organograma. Seria o surgimento do “Heart Team One”, muito além do que atualizações como vimos no 2.0, 3.0… Agora é um novo tempo em que ferramentas vieram para somar e nunca substituir, vieram para serem comandadas pelos médicos e demais profissionais, criando um novo médico muito mais capaz e melhor utilizado em suas atribuições fundamentais que é assistir o paciente.