Hora-Extra na Cardiopatia Estrutural

A estruturação de um Heart Team institucional tornou rotineira a criação de agendas ativas para a discussão de casos complexos dentro da rotina de serviço em cada localidade.

De forma geral, os casos são preparados e levados para discussão de forma programada e ali, após decisões colegiadas, são novamente programados eletivamente dentro da rotina hospitalar que está inserido para que seja então submetido à intervenção.

De maneira óbvia, a marcação do procedimento tende a respeitar os horários que são considerados “horas de trabalho” entre 8 e 17 horas. Diante dessa ideia, um interessante paper nos trouxe uma visão curiosa sobre os procedimentos que eram realizados fora dessa grade de horário, como se fossem em hora extra e se eles teriam a mesma performance e resultados dos considerados programados.

Alguns dados vieram à tona e merecem ser debatidos com maior detalhamento. Em torno de 10% dos procedimentos de clipagem mitral borda a bora foram realizados fora do horário habitual de expediente e esses casos, de forma geral, tratava-se de casos mais graves e em vigência de descompensação hemodinâmica.

Interessante ressaltar que esses casos tiveram resultados excepcionais como os casos realizados dentro da grade habitual de agendas, mas um ponto foi relevante aqui. Os profissionais que realizavam os casos excepcionais eram intervencionistas com maior expertise e mais tempo de treinamento.

Uma das justificativas para o surgimento dessa demanda é a habilidade limitada dos serviços de lidar com o elevado número de casos cada vez mais selecionados. Como temos acompanhado o surgimento de relativas filas de espera para esses procedimentos, não é incomum descompensação hemodinâmica nesse tempo e necessidade de abordagens em caráter de urgência nos serviços de referência.

Embora os achados de longo prazo não sejam motivadores, mas por razões inerentes aos pacientes mais graves, em outros países postulou-se ampliar o horário de atendimento padrão das cardiopatias estruturais buscando uma melhor relação e custo-benefício e melhora de possíveis filas, mas essa discussão ainda é longa e tem impacto também na qualidade das equipes de saúde.

O que fica marcado é a grande responsabilidade das equipes que atendem esses casos, mesmo em horário considerado extra e que, diante de relativa dificuldade conseguem entregar resultados excepcionais em casos até mais complexos.

Para time camisa 10 e faixa de capitão não tem horário ruim…