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Mismatch pós-TAVI

Nova realidade?

Uma das preocupações das equipes de cardiologia que lidam com pacientes que se submetem a intervenção valvar é a possibilidade de mismatch do dispositivo implantado. Isso basicamente é uma desproporção do tamanho da área efetiva de fluxo, ou área protética para as demandas do indivíduo, ou seja, a prótese é pequena para o que precisa entregar.

Anos atrás, com dispositivos ainda sem muita evolução tecnológica, esse era um problema mais presente no dia a dia nas cirurgias de implante de prótese, mas com a melhora de perfil hemodinâmico isso tornou-se menos comum.

Com o advento do TAVI para o tratamento da estenose aórtica, essa discussão só surgiu quando o procedimento foi expandido para pacientes mais jovens e com maior demanda funcional, visto que antes o real impacto de um possível mismatch ficava mascarado pela gravidade clínica de base dos próprios indivíduos tratados com essa terapia.

Publicações recentes têm mostrado que em coortes de pacientes mais jovens, a ocorrência de mismatch moderado a grave tem prevalência elevada chegando a valores próximos a 40%, sendo grave em 7%. Essa é uma informação preocupante e a principal variável relacionada a esse achado é uma superfície corpórea aumentada.

Desfechos como mortalidade e internação hospitalar por descompensação de insuficiência cardíaca foram mais frequentes nos pacientes que foram classificados como portadores de mismatch após intervenção, corroborando os achados já tradicionalmente conhecidos.

Pacientes com anel aórtico pequeno, sexo feminino, que costuma ter anel pequeno e grande superfície corpórea foram os mais acometidos por essa complicação.

Eventos como pós-dilatação reduziram a ocorrência de mismatch, embora esse procedimento seja invariavelmente relacionado ao tratamento de possíveis leaks que possam surgir durante o implante da prótese.

Estados de baixo fluxo também foram notados e parecem estar relacionados a um estado de pseudo mismatch, com medidas subestimadas da área protética, embora a mortalidade desse grupo também seja elevada por outras razões além da desproporção do dispositivo.

O fenômeno de pressure recovery poderia atrapalhar as medidas e levar a confusões nas interpretações e para evitar esse viés, as medidas ecocardiográficas ocorreram 30 dias após o implante do dispositivo.

O impacto na qualidade de vida também foi percebido em detrimento ao encontrado nas publicações de pacientes mais idosos e mais limitados, mostrando mais um impacto negativo de um possível mismatch após TAVI.

Assim, a avaliação pré-procedimento bem estruturada buscando implantar dispositivos maiores e com melhor perfil hemodinâmico tem sido a tendência em pacientes mais jovens e com maior funcionalidade em seu dia a dia.

Literatura Sugerida: 

1 – Suruga K, Patel V, Nagasaka T, et al. Prosthesis-Patient Mismatch in Young and Low-Risk Patients After Newer Generation Balloon-Expandable Transcatheter Aortic Valve Replacement. JACC Cardiovasc Interv. 2025 Jun 23;18(12):1512-1523.

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