TAVI abaixo de 70 anos

Quando tínhamos o surgimento do TAVI no nosso arsenal terapêutico, essa era uma ferramenta destinada a pacientes em idade bem avançada, de forma geral, acima dos 80 anos, como encontrávamos nos dados publicados no PARTNER.

Com o passar dos anos e a mudança no perfil epidemiológico dos pacientes avaliados nos trials que comparavam TAVI com o tratamento cirúrgico convencional, tivemos uma diminuição considerável da idade dos pacientes que formavam a coorte.

Atualmente temos uma discussão de qual seria a idade limite inferior para se indicar o implante de um TAVI, visto que as principais diretrizes internacionais adotam cada uma um valor de referência.

Avaliando os dados do NOTION-2, uma subanálise nos trouxe informações que levavam em consideração apenas pacientes com idade igual ou inferior a 70 anos e que foram incluídos no estudo.

O desfecho principal que foi mortalidade, AVC e reinternação ao longo de 1 ano foi igual nos dois braços TAVI e cirurgia convencional, embora os dados de mismatch no grupo submetido a cirurgia convencional foi acima da média dos demais trials de pacientes de baixo risco cirúrgico.

Quando especificamos ainda mais o grupo, observando os casos de valva aórtica bicúspide, os resultados não foram tão interessantes.

Como não houve um screening adequado com relação à anatomia valvar, no momento da distribuição, pacientes inadequados podem ter sido referenciados para o braço TAVI.

Observando os achados dessa subanálise, conseguimos corroborar o que estamos acompanhando na prática e também nos guidelines mais recentes.

Aparentemente o ponto de corte da idade parece estar atualmente próximo dos 65 anos, mas a durabilidade dos dispositivos transcateter ainda não foi testada em acompanhamentos maiores do que 8 anos, nos fazendo ainda estar atento a essa evolução.

Pacientes com anatomia desfavorável deveriam ser encaminhados para procedimento convencional após discussão de Heart Team por ser um método consagrado e com excelentes resultados em populações de pacientes de baixo risco cirúrgico, idade próximo dos 65 anos e valva aórtica bicúspide.

Dessa forma, cada vez mais temos o estabelecimento da TAVI como alternativa interessante no dia a dia da cardiologia clínica, mas devemos estar sempre atento às diretrizes e suas referências para evitarmos de indicar no caso errado um dispositivo com excelentes resultados em casos certos…