O Ciclo Cardíaco – Parte III

Com o fim de uma sístole ventricular, os átrios se enchem de sangue vindos de veias e a pressão diastólica ventricular se encontra no momento de menor valor, após um adequado relaxamento isovolumétrico.

Nesse momento, as pressões atriais ficam maiores do que as ventriculares, fazendo com que as valvas atrioventriculares se abram e o fluxo de sangue passe dos átrios para os ventrículos. Esse é o momento denominado de enchimento rápido ventricular, que visualizamos através da ecocardiografia como onda E.

Esse período ocupa o terço inicial da diástole, sendo seguido por um instante de pouco fluxo, momento em que os átrios ainda recebem sangue das veias. No terço final da diástole, ocorre a contração dos átrios, completando o volume com seus 25% e formando, na ecocardiografia, a onda A. Assim, durante a diástole, vemos na valva mitral, utilizando a ecocardiografia as ondas E e A. As relações entre essas ondas são muito importantes na avaliação diastólica do ventrículo esquerdo, mas essa discussão sai um pouco do escopo dessa obra.

Após essa contração atrial, as fibras ventriculares iniciam sua despolarização e a pressão intraventricular começa a se elevar. Nesse momento, as valvas atrioventriculares se fecham, mas a pressão ainda não é suficiente para abrir as ventrículo-arteriais. Esse é o momento da contração isovolumétrica.

Aqui podemos novamente chamar atenção para um detalhe da semiologia valvar que nos ajudará, baseado na fisiologia, a compreender qual disfunção está causando um determinado ruído.

Como veremos adiante, há uma confusão diagnóstica na abordagem inicial de pacientes com estenose aórtica ou insuficiência mitral. Isso ocorre, pois ambas as disfunções valvares causam sopros sistólicos. No entanto, só de conhecermos esse aspecto da fisiologia da sístole ventricular, podemos matar o diagnóstico.

A estenose aórtica é a obstrução valvar aórtica no fluxo ejetivo do ventrículo esquerdo para a Aorta. Já a insuficiência mitral é o jato de regurgitação para o interior do átrio esquerdo, que escapa pela valva mitral que deveria estar fechada durante a sístole ventricular.