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Próteses Valvares

Nos pacientes Reumáticos

Quando imaginamos a evolução normal da doença dentro da valvopatia, sabemos que a intervenção é, atualmente, a única ação capaz de mudar a curva de sobrevida, evitando desfechos negativos inevitáveis.

Em países em desenvolvimento como o Brasil, a maior prevalência etiológica da doença valvar está na cardiopatia reumática, secundária a um surto de febre reumática no passado.

Dito tudo isso, o tratamento de uma valvopatia reumática em estágios avançados tem uma prevalência elevada de troca valvar com implante de prótese, seja biológica ou mecânica.

E aqui podemos traçar um raciocínio mais aprofundado, pois ao sabermos que cada escolha traz consigo riscos e benefícios, escolhas inadequadas para pacientes portadores de cardiopatia estrutural podem ter impactos negativos importantes.

Nesse contexto de doença reumática, a grande maioria dos pacientes apresenta lesões com indicação de intervenção em fases mais jovens de suas vidas. Nesse período, certamente as melhoras indicações estão nos dispositivos mecânicos, pois eles apresentam boa durabilidade, muitas vezes não necessitando de novas abordagens cirúrgicas ao longo da vida.

No entanto, pacientes que recebem próteses mecânicas necessitam de anticoagulação contínua com antagonistas da vitamina k, que demandam controle laboratorial próximo e são fármacos com uma diversidade de interações que podem levar a sangramentos graves ou mesmo formação de trombos aderidos à prótese.

Isso por si só já é um grande desafio em países em desenvolvimento, em que a população carece de assistência médica de qualidade e também de nível cognitivo para entender os riscos e os deveres a serem seguidos nesse acompanhamento delicado.

Não é incomum vermos pacientes na segunda e terceira décadas de vida recebendo uma prótese biológica, pois os médicos assistentes entendem que esse paciente não teria condições de entender a necessidade do uso de anticoagulantes ou mesmo de se manter aderente com níveis séricos satisfatórios em casos de indicação de prótese mecânica.

Qual o problema nessa escolha? Veremos 4 ou 5 reabordagens cirúrgicas ao longo da vida desse indivíduo e raramente a expectativa de vida passará de 50-60 anos.

Agora imagine a situação delicada de tomar essa decisão diante de uma mulher com seus 25 anos de idade e ainda sem prole constituída. Vai indicar uma prótese mecânica e expor o binômio mãe-feto aos eventos trombóticos e hemorrágicos de uma gestação e puerpério ou prefere uma prótese biológica que entrará em deterioração em no máximo 5 anos, necessitando de nova abordagem cirúrgica?

Uma decisão pragmática pode ser tomada em cima das orientações que encontramos nas diretrizes, basicamente enraizadas na idade cronológica do paciente, mas essa tomada de decisão é extremamente mais complexa e demanda abordagem multiprofissional para evitar ao máximo o risco de escolha de um dispositivo inadequado e um impacto negativo absurdo na vida de pacientes tão carentes.

Literatura Sugerida: 

1 – Scherman J, Zilla P. Poorly suited heart valve prostheses heighten the plight of patients with rheumatic heart disease. Int J Cardiol. 2020 Nov 1;318:104-114.

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