Epidemiologia da Valvopatia

A epidemiologia da doença valvar tem apresentado uma certa alteração nas últimas décadas, mas fato é que sua prevalência vem aumentando constantemente. Mesmo com a queda da cardiopatia reumática em centros mais desenvolvidos, o envelhecimento populacional vem trazendo a um aumento de casos de valvopatia degenerativa.

Atualmente uma boa parte das informações sobre prevalência das valvopatias vem de bancos de dados relacionados a avaliações ecocardiográficas em populações extremamente selecionadas o que é uma importante crítica aos dados encontrados na literatura.

De forma geral, em indivíduos acima de 60 anos, encontramos uma prevalência de valvopatia, independente do grau da patologia em mais de 30% enquanto valvopatias de graus mais avançados, como moderado a importante variam entre as coortes entre 3 e 7% a depender também da idade do grupo.

Com a atual concepção da doença valvar dentro do espectro de cardiopatia estrutural e com métodos diagnósticos cada vez mais sensíveis, não é de se estranhar que dados provenientes do reino unido chegam a apontar para aproximadamente 50% dos indivíduos acima de 65 anos apresentarem algum grau de valvopatia, mesmo que incipiente.

Em indivíduos ao redor de 75 anos, o simples acompanhamento clínico fez que, ao longo de um ano, a prevalência passasse de 57% para 64%, mostrando que a idade é um determinante relevante nessa prevalência e está claramente correlacionado com o risco cardiovascular desses indivíduos.

Fato é que a imensa maioria dos casos de valvopatias estão ainda de forma desconhecida da população médica e dos serviços de saúde, ou por triagem inadequada ou por desconhecimento da patologia das equipes assistentes.

Com o progredir dos métodos diagnósticos, tanto os que já conhecemos melhorando suas sensibilidades como o advento de novas modalidades, a tendência é que passemos a enxergar muito mais casos de valvopatias do que temos atualmente e a demanda por equipes preparadas é iminente.

Alguns artigos, inclusive se questionam se o atual status do sistema de saúde, tanto privado, quanto público estaria preparado para atender a acolher essa demanda que se anuncia como um tsunami dentro da cardiologia e também da clínica médica visto as interações com outras especialidades tão comum em nossa rotina diária clínica.