fbpx

Estratificação da Doença Valvar

Capilaridade ou Praticidade?

Para os entusiastas do estudo das valvopatias e, principalmente, para aqueles que se interessam por métodos diagnósticos, a graduação de determinada patologia é um passo fundamental na estratificação de risco e na avaliação de possível intervenção.

Tradicionalmente o método diagnóstico usado na avaliação inicial é a ecocardiografia e vemos de forma geral a classificação em discreto, moderado e importante.

Já no momento de formação do ecocardiografista essa classificação é, em certos momentos, considerada intransigente, o que motivou a criação de expressões como discreto a moderado ou moderado a importante.

De fato, essa granularidade de classificações trouxe em alguns casos melhor acurácia do entendimento da gravidade do doente auxiliando na comunicação entre os profissionais, principalmente em ambiente de Heart Team.

Seguindo essa mesma linha veio a nova classificação de gravidade da regurgitação tricúspide que foram adicionadas duas novas categorias, a maciça e a torrencial, níveis mais avançados do que o importante.

Em um momento inicial, essa alteração pareceu extremamente eficiente e que traduziria melhor o momento em que o paciente se encontraria na curva evolutiva de sua história natural, mas com o passar do tempo, esse aspecto começou a ser questionado.

Embora houvesse uma padronização em cima dessa nova estrutura de classificação, quando posta a validação clínica, ou seja, quando levada para a prática diária de forma padronizada e estudada à luz estatística, alguns aspectos relacionados a desfechos se mostraram conflitantes.

Embora pareça trazer um mecanismo mais sistemático de estudo, falando em indicação de intervenção, parece que essa alteração não demonstrou benefício nesse grupo de pacientes. O mesmo foi visto para subclassificações extras como discreto a moderado e moderado a importante dentro da coorte de pacientes com regurgitação tricúspide e que foram para intervenção transcateter.

Nesse ponto podemos dizer que estamos vivenciando um impasse. Uma melhor estratificação é interessante, mas trazer isso diante de criar uma maior complexidade e talvez até burocracia pode ser desnecessário e apenas complicar o que estava funcionando em plenitude.

A resposta para isso só virá com o passar do tempo e com a comprovação de impacto real em desfechos duros como mortalidade ou intervenção valvar, o que demanda tempo, estudos bem desenhados e critérios bem estabelecidos para novas estratificações.

Por hora, aparentemente, “mais” graus parecem não ser o melhor caminho…

Literatura Sugerida: 

1 – Hahn RT, Zamorano JL. Tricuspid regurgitation severity grades: is more always better? Eur Heart J Cardiovasc Imaging. 2024 Jul 31;25(8):1087-1088.

 

Compartilhe esta postagem

Privacidade e cookies: Este site usa cookies. Ao continuar no site você concorda com o seu uso. Para saber mais, inclusive como controlar cookies, veja aqui: Política de cookie

As configurações de cookies deste site estão definidas para "permitir cookies" para oferecer a melhor experiência de navegação possível. Se você continuar a usar este site sem alterar as configurações de cookies ou clicar em "Aceitar" abaixo, estará concordando com isso.

Fechar