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Regurgitação Aórtica

Qual o Timing?

Sempre que discutimos sobre doenças valvares, abordamos rotineiramente conceitos de fisiologia e sobrecargas hemodinâmicas que se traduzem nas leituras clínicas de repercussão hemodinâmica que encontramos no exame físico ou nos métodos diagnósticos, seja de imagem ou não.

Na insuficiência aórtica, encontramos uma grande sobrecarga hemodinâmica acometendo o ventrículo esquerdo, com grande elevação da pré-carga e também da elevação posterior da pós-carga, o que é manifestado como uma das maiores hipertrofias ventriculares encontradas na cardiopatia estrutural.

Recentemente, com o avanço das técnicas cirúrgicas e uma melhor estratificação diagnóstica, no contexto de uma insuficiência aórtica, o foco tem sido buscar marcadores de que o momento ideal de uma intervenção chegou.

Anos atrás, tínhamos apenas como ferramentas o tamanho cavitário e a fração de ejeção e mesmo assim temos caminhado nos ajustes dos valores de corte que essas variáveis eram utilizadas.

Recentemente, com a implementação do strain longitudinal obtido pela ecocardiografia e pela avaliação da matriz extracelular através da ressonância, estamos vivenciando um novo horizonte de possibilidades para nos aproximar do chamado “Golden point” da indicação da intervenção nesses pacientes.

Embora a ecocardiografia seja a principal ferramenta a ser utilizada na avaliação sistemática desses indivíduos, a ressonância tem ganhado uma grande atenção e outros parâmetros podem surgir com o passar dos anos.

Recentes publicações têm tentado buscar os valores de referência para medidas cavitarias através da ressonância, assim como usamos na ecocardiografia. Valores próximos a 110mL/m2 de volume diastólico final indexado e a 40mL/m2 de volume sistólico final também indexado aparentemente se candidatam a servir de pontos de corte que apontariam pacientes com maior risco de evoluir desfavoravelmente na ausência de uma intervenção, mesmo estando assintomático e com fração de ejeção ventricular acima de 50%.

Em avaliação dos dois parâmetros anteriores, o valor do volume sistólico final se mostrou mais sensível na predição de desfechos negativos.

Dados específicos das características hemodinâmica do refluxo trazem dados bem menores do que os tradicionalmente usados na ecocardiografia. O volume regurgitativo da ressonância ficaria em torno de 45mL/bat enquanto na ecocardiografia usamos o corte de 60mL/bat.

Até o presente momento, o que temos são extrapolações e comparações entre os métodos, ainda sem grandes trabalhos que busquem validação clínica para incorporarmos na prática diária, mas é notável que estamos bem perto desse momento. Corre por fora uma série de dosagens séricas de marcadores que juntos, podem entrar nessa estratificação cada vez mais precisa.

Estamos a um passo da personalização quase capilar da estratificação dentro da cardiopatia estrutural e a insuficiência aórtica parece ter largado na frente…

Literatura Sugerida: 

1 – Sannino A, Meucci MC. Advances in Risk Stratification of Chronic Aortic Regurgitation: Time for a Change in Guidelines? J Am Coll Cardiol. 2023 May 16;81(19):1899-1901.

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