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Remodelamento na Insuficiência Aórtica

Novos parâmetros?

Quando temos uma leitura apurada da fisiopatologia das cardiopatias estruturais e compreendemos conceitos básicos de fisiologia aplicada a história natural da doença, conseguimos identificar marcadores de evolução da patologia e mais, conseguimos até mesmo estimar o prognóstico individualizado do paciente.

Dentro da insuficiência aórtica isso pode ser identificado em maior grau na medida dos diâmetros cavitários ventriculares em que, grandes dimensões apontam para pacientes em estágios mais avançados na doença.

Melhorando essa estratificação, a utilização do diâmetro sistólico final indexado nos trouxe ainda mais sensibilidade em apontar para pacientes limítrofes na descompensação da função sistólica ventricular, na mesma linha de ideia da utilização do strain miocárdico, embora sejam tecnologias completamente distintas.

Valores de frequência cardíaca e pressão arterial diastólica, em menores graus, também poderiam ser aplicados nesse contexto de gravidade da regurgitação aórtica, embora uma série de outras avaliações são necessárias para entendermos melhor a aplicabilidade clínica dessas informações.

Dito isso, questionamentos sobre o comportamento hemodinâmico dos indivíduos poderiam ser levantados, pois será que todos tem comportamentos semelhantes na evolução dos diâmetros e volumes?

Afinal, já entendemos a parametrização para a superfície corpórea do paciente, mas talvez outros parâmetros sejam necessários em uma avaliação conjunta. De antemão, indivíduos mais idosos tendem a ter cavidades ventriculares menores por diversas razões, sendo a disfunção diastólica talvez a principal. A idade poder ser um fator modulador das respostas adaptativas do ventrículo a uma suposta sobrecarga volumétrica na insuficiência aórtica.

O processo de envelhecimento é caracterizado por progressiva perda de miócitos e alteração na sinalização miocárdica em o nível subcelular. Essas alterações características invariavelmente levam à diminuição do volume ventricular com a idade e, subsequentemente, uma capacidade reduzida de adaptar-se às mudanças nas condições de sobrecarga.

Mesma leitura poderia ser feita com relação ao sexo do indivíduo. Mulheres apresentam cavidades menores, o que ainda não se sabe se modificaria o poder adaptativo na mesma sobrecarga.

Em relação a diferenças de gênero, as mulheres geralmente têm menores volumes ventriculares do que os homens, apesar da indexação para superfície corporal. Além disso, como dito, com o aumento da idade, há perda progressiva de miócitos nos homens, mas menos nas mulheres.

Isso poderia explicar por que os homens respondem à sobrecarga de volume crônica com dilatação ventricular em comparação com as mulheres, que tendem a ter progressão atenuada dessa dilatação.

Além disso, fatores relacionados a hormônios sexuais poderiam estar envolvidos, visto que estrogênio leva a modulação e expressão genética com impacto na evolução da remodelação miocárdica.

Algumas coortes corroboram essas ideias de que idosos e mulheres apresentam, mesmo sob uma sobrecarga volumétrica importante, volumes cavitários menores, inclusive em avaliações seriadas.

E quando observamos os desfechos duros, vemos que mulheres e idosos tendem a apresentar maiores taxas de mortalidade que pode ser explicado por fatores de risco tradicionalmente conhecidos, mas também por utilizarmos parâmetros de corte para indicação uniformes. Será que nesses casos não teríamos passado do ponto ideal há mais tempo e estaríamos tolerando dilatações acima do ideal?

Embora esses sejam dados obtidos de estudos observacionais, já nos trazem questionamentos interessantes para melhor estratificar nossos doentes… Talvez com a incorporação de inteligência artificial na prática clínica, todos esses dados sejam cruzados instantaneamente e tenhamos modelos probabilísticos mais fieis para identificarmos o momento ideal de uma intervenção.

Literatura Sugerida: 

1 – Akintoye E, Saijo Y, Braghieri L, et al. Impact of Age and Sex on Left Ventricular Remodeling in Patients With Aortic Regurgitation. J Am Coll Cardiol. 2023 Apr 18;81(15):1474-1487.

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