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Exame Físico das Valvopatias

Sopro da Estenose aórtica – Parte 3

 

Um sopro especial deve ser bem explicado nesse ponto da obra que é o sopro, ou fenômeno de Gallavardin. Alguns pacientes com estenose aórtica importante, apresentam no exame físico um sopro na ponta do coração, ou melhor definido como no foco mitral, de características algo diferentes da ausculta no foco aórtico.

Tradicionalmente o sopro da estenose aórtica tem a característica de ser rude, em formato de diamante e no foco aórtico. Pode ter irradiações para fúrcula e para carótidas e nessas irradiações, mantém a característica do timbre, sendo considerado rude.

No entanto, alguns pacientes apresentam um sopro de timbre agudo no foco mitral, diferindo do sopro do foco aórtico. Esse sopro mitral também é sistólico e mantém o formato de diamante, ou seja, em crescendo-decrescendo. A diferença basicamente se dá no foco e no timbre.

A razão para isso acontecer é anatômica e devemos entender como se inter-relacionam as estruturas do arcabouço fibroso do coração. O anel valvar aórtico é uma estrutura do esqueleto fibroso onde se implantam as cúspides que irão formar a valva aórtica. Ele é contínuo com o anel valvar mitral, mantendo a mesma estrutura fibrosa de sustentação. Durante uma estenose aórtica importante, a aceleração e turbilhonamento do fluxo pode ser tão intensa que, durante a sístole, a reverberação pode envolver o anel aórtico e até o anel mitral, que tem correlação anatômica clara.

Assim, o som da reverberação transmitido através do anel mitral é auscultado no foco mitral, no mesmo momento que é auscultado no foco aórtico. No entanto, o timbre desse sopro sofre alteração e torna-se mais agudo e, algumas vezes, denominado de piante. Por essa razão, forma-se o fenômeno de Gallavardin.

Outro ponto que merece destaque é o comportamento do sopro de estenose aórtica na presença de uma extrassístole. Uma extrassístole leva a uma pausa compensatória após sua ocorrência, propiciando um tempo diastólico aumentado em relação aos demais. Nesse ponto, o ventrículo esquerdo acaba tendo mais tempo para se encher, fazendo um volume diastólico final elevado.

No momento da contração para a ejeção do sangue, um volume maior acaba passando pela valva estenosada, causando um sopro de maior intensidade na sequência de uma extrassístole. O mesmo pode ser encontrado na presença de uma fibrilação atrial. Intervalos diastólicos maiores podem propiciar um sopro de maior intensidade, logo, como os ciclos na fibrilação atrial são completamente anárquicos, existe, no exame físico, uma variação considerável na intensidade do sopro batimento a batimento.

Literatura Sugerida:
1 – Bignoto, Tiago. Valve Basics – Valvopatia do Básico ao Avançado. 1ª ed. São Paulo: The Valve Club, 2021.

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