Plaquetas no TAVI

Uma das grandes complicações temidas em pacientes que se submetem a intervenção de uma cardiopatia estrutural é o sangramento que possa ameaçar a vida.

No contexto de uma estenose aórtica, independente dos escore de risco para sangramento como o HASBLEED, o cisalhamento dos fatores de von Willembrand leva a um estado hemorrágico adicional que deve ser valorizado do ponto de vista clínico.

Ainda no espectro dessa patologia os protocolos de uso de antiagregante periprocedimento vêm sofrendo alterações importantes com cada vez menos carga de medicamentos, pois evidências cada vez maiores do risco de sangramento tendem a tornar a prática clínica mais conservadora com a prescrição de apenas 1 antiagregante.

Em algum momento, o monitoramento desses pacientes passava pela análise periprocedimento da função plaquetária, embora isso tenha perdido um pouco do valor.

Recentemente essa avaliação da função plaquetária no momento após a intervenção foi correlacionada a elevadas taxas de sangramento aumentado no acompanhamento a longo prazo trazendo uma série de dúvidas sobre a interpretação desses achados.

Inicialmente, pacientes que apresentavam plaquetas disfuncionantes periprocedimento apresentavam maior risco de sangramentos graves no acompanhamento clínico.

Adicionado a isso ainda encontramos que casos de regurgitação paraprotética maior do que moderado e uso de anticoagulantes orais, geralmente pela presença de fibrilação atrial aumentavam ainda mais o risco de sangramento.

O leak provavelmente gerava manutenção de algum grau de cisalhamento perpetuando a alteração no fator de von Willenbrand e o uso de anticoagulação por si só traz maior risco de sangramento em casos de disfunção plaquetária.

No entanto ainda não é claro se a correção adequada da estenose aórtica seria suficiente para corrigir a disfunção do fator de von Willembrand ou se o impacto do uso de antiagregante de forma mais agressiva pudesse ser a responsável pela alteração dos exames no momento da avaliação.

Diante da complexidade dos casos de portadores de cardiopatia estrutural, a avaliação talvez devesse ser seriada para criar um acompanhamento da função plaquetária, mas ainda não há uma parametrização desses achados para entendermos melhor como proceder.

A medição da hemostasia é certamente mais complexa do que a descrita por um único teste pós-procedimento, principalmente a partir de uma lição que aprendemos com as estratégias antiplaquetárias personalizadas.

Importante entender que talvez essa seja mais uma ferramenta a ser incorporada em breve na abordagem ampla de pacientes portadores de valvopatias, muito além do simples uso de escores clínicos aplicados.

O Heart Team tem ficado cada vez mais complexo…