Dinâmica de volumes – Parte I

Visto esses conceitos de tempos durante a sístole e diástole, cabe aqui levantarmos conceitos a respeito dos volumes ventriculares, já que falaremos constantemente sobre função sistólica e também fração de ejeção ventricular.

Fração de ejeção ventricular é uma das formas que existem de avaliar a função sistólica de um ventrículo. Ela funciona através do cálculo relativo dos volumes cavitários durante o ciclo cardíaco, como já mencionamos superficialmente anteriormente.

Ao final da diástole, o ventrículo encontra-se com seu maior volume, sendo esse conteúdo denominado de volume diastólico final. Ao final da sístole, o ventrículo se encontra com seu menor volume cavitário, sendo esse conteúdo denominado de volume sistólico final.

Imaginando que não tenhamos disfunções valvares nem shunts, se pegarmos o volume diastólico final e subtrairmos o volume sistólico final, teremos o volume de sangue que foi ejetado do ventrículo na Aorta, também chamado de volume sistólico ou do inglês, stroke volume.

Mas o cálculo da fração de ejeção não é o cálculo do volume sistólico, é uma relação que demonstra quantos por cento do volume diastólico foi ejetado e é calculado através de uma fórmula simples.

No contexto da cardiologia e, ainda mais especificamente da valvopatia, o cálculo da fração de ejeção é fundamental, pois tem grande poder preditor de eventos. Quedas nos valores de fração de ejeção apontam para indivíduos mais graves e que apresentam maior chance de desfechos negativos no acompanhamento.

Assim, uma valvopatia de grau importante e que apresente queda na fração de ejeção tem indicação de intervenção, pois a repercussão hemodinâmica de sobrecarga foi tamanha que causou prejuízo sistólico severo. Como isso, por si só, prejudica a curva de sobrevida, a intervenção nesse momento faz sentido.

O que foi exposto até aqui é fácil de se compreender quando temos um adequado funcionamento das valvas cardíacas, mas cabe agora entendermos qual a real função dessas estruturas no ciclo cardíaco.