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IM Funcional Isquêmica

Avanços do Heart Team – Parte 2

Vale ressaltar aqui que a manifestação clínica desses indivíduos vai muito além da simples quantificação do grau da regurgitação e tem correlação direta com as comorbidades prévias e condição clínica de base. Pacientes com dilatações ventriculares costumam experimentar melhor complacência, teoricamente tendo mais reserva para acomodar um volume extra gerado em um evento isquêmico agudo, já aqueles que costumam estar no limite de seus mecanismos compensatórios podem evoluir de forma rápida para o colapso hemodinâmico.

Em até um terço dos casos, a reperfusão imediata melhora o grau da regurgitação, sendo, portanto, o foco inicial de toda a abordagem dos indivíduos nesse contexto clínico. O tempo curto e a patência do vaso culpado são os maiores preditores para uma boa evolução da regurgitação mitral funcional de etiologia isquêmica.

Passada essa fase inicial ou já estabelecido um grau avançado de insuficiência mitral com presença de sintomas, o próximo passo é uma tentativa clínica de estabilização com uso de diureticoterapia, vasodilatação periférica e até mesmo suporte ventilatório a depender da gravidade e complexidade hemodinâmica.

Em uma abordagem inicial, a ecocardiografia transtorácica é parte fundamental da avaliação, pois nos traz informações relevantes sobre a repercussão do acometimento miocárdico, as estruturas do aparato valvar mitral envolvidas e também o grau da regurgitação. Vale ressaltar que em um contexto relativamente agudo, alguns parâmetros tradicionalmente utilizados na ecocardiografia merecem ser vistos com cautela, como por exemplo a velocidade do jato de refluxo. Em uma queda na fração de ejeção e grande elevação das pressões de enchimento do átrio esquerdo esse parâmetro pode ser alterado e um operado experiente é capaz de contextualizar essas alterações ao perfil hemodinâmico do paciente.

Em casos de revascularização em algum momento da evolução, é também fundamental uma nova avaliação ecocardiográfica para entendermos como se comporta a contratilidade miocárdica e o envolvimento do aparato valvar mitral.

A abordagem cirúrgica é um tema de amplo debate, pois envolve uma série de fatores. Desde intensidade do grau da regurgitação, repercussão hemodinâmica no ventrículo e os achados secundários dessa repercussão, como hipertensão pulmonar, fibrilação atrial, dentre outros, bem como sintomas e sua resposta ao uso de tratamento clínico.

O simples fato da melhor estratégia a seguir já é tema controvérsia, entre um reparo valvar ou plastia ou troca com implante de prótese.

Não necessariamente essa decisão se limita ao âmbito de um contexto de evento isquêmico agudo, embora possa ocorrer nele. Pacientes pode desenvolver miocardiopatia isquêmica sem experimentar eventos agudos e encontrarmos repercussão importante na valva mitral, bem como outros apresentam essa repercussão no contexto de um evento agudo.

Essa foi a segunda de 4 partes desse tema extremamente interessante que vamos discutir aqui com vocês.

Literatura Sugerida: 

1 – Estévez-Loureiro R, Lorusso R, Taramasso M, Torregrossa G, Kini A, Moreno PR. Management of Severe Mitral Regurgitation in Patients With Acute Myocardial Infarction: JACC Focus Seminar 2/5. J Am Coll Cardiol. 2024 May 7;83(18):1799-1817. 

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