O momento e o status hemodinâmico presentes na indicação de uma intervenção modificam completamente a evolução com valores de mortalidade perioperatória próximo a 20% em casos de abordagem urgente e menor do que 4% em quadros eletivos e com adequado controle hemodinâmico.
Partindo do conceito geral que temos nas valvopatias mitrais de que o reparo valvar é a melhor opção, visto preservar ao máximo a anatomia do aparato e evitar que se implante materiais estranhos que podem trombosar ou degenerar, os dados encontrados na literatura trazem algumas reflexões quando falamos de uma insuficiência mitral funcional.
Aparentemente, tanto implante de prótese, quanto reparo tem curvas de mortalidade semelhantes ao longo de 2 anos, bem como de repercussão hemodinâmica, mas as abordagens que optaram por plastia, apresentaram maior grau de regurgitação residual ou mesmo evolução ao longo dos anos. Isso deu a entender que a troca valvar seria a melhor escolha, mas como sempre na medicina baseada em evidência, devemos observar o contexto clínico para tirarmos conclusões mais fidedignas. Aqui o aspecto de técnica cirúrgica e experiência do operador são decisivos na melhor técnica a ser escolhida, mas independente disso, em caso de opção por reparo, o aparato valvar e as cordas devem ser ao máximo preservados para uma evolução clínica mais favorável.
Vale ressaltar que, independente de qual técnica vai ser utilizada na abordagem da valva mitral, em caso de indicação de revascularização miocárdica, o procedimento deve ser feito no mesmo tempo cirúrgico e, de preferência, buscando uma revascularização completa.
Diante de tudo que avaliamos até agora, é de ciência clara que os pacientes com insuficiência mitral secundária a miocardipatia isquêmica apresenta grandes chances de complicação e um procedimento menos invasivo talvez possa abrir essa janela terapêutica para mais indivíduos.
Em um contexto clínico crônico e estável, o uso dos dispositivos de clipagem transcateter se mostraram eficazes e com impacto na curva de mortalidade em casos selecionados e que se aproxime do espectro anatômico e funcional do COAPT trial.
Essa foi a terceira de 4 partes desse tema extremamente interessante que vamos discutir aqui com vocês. Semana que vem seguimos com o espectro agudo da insuficiência mitral.