Mismatch Aórtico

O conceito de mismatch era desconhecido até pouco tempo, embora as publicações sobre esse tema já surgiam na década de 70 do século passado. Os dados iniciais traziam que alguns pacientes apresentavam uma desproporção dos parâmetros hemodinâmicos de próteses, no acompanhamento de curto prazo.

De forma conceitual, mismatch é uma desproporção entre o tamanho da prótese implantada para o tamanho do indivíduo, o que gera, já no pós-operatório imediato, elevação dos gradientes transprotéticos.

Como a anel da valva aórtica é menor do que o da valva mitral, é mais comum encontrarmos essa prótese pequena nessa topografia e a avaliação acaba se concentrando nesse tipo de alteração.

Recentemente medidas ecocardiográficas foram estabelecidas para apontar aqueles indivíduos que apresentassem essa desproporção entre o tamanho da prótese e a demanda hemodinâmica do paciente, sendo o valor de corte para mismatch importante a área protética indexada de 0,65cm2/m2, ou seja, ao dividir a área efetiva de fluxo da prótese aórtica pela superfície corporal do indivíduo, você conseguiria estimar se aquela prótese é pequena.

Na literatura, os dados prognósticos negativos daqueles que saíram do procedimento com essa desproporção são claros e uma avaliação pré-intervenção, dentre outros motivos, deve objetivar evitar essa complicação a todo custo.

Numa era em que o TAVI é uma realidade, os dados sobre o mismatch são interessantes, pois como a performance hemodinâmica dessas próteses transcateter são superiores ao que encontramos, em média, nas próteses cirúrgicas, era de se esperar uma casuística bem reduzida dessa complicação, mas o que vemos não é bem assim.

Em torno de 12-15% dos pacientes apresentam mismatch importante após o implante de TAVI e os motivos podem ser maior intervenção em pacientes muito pequenos que não seriam considerados para o procedimento convencional e até mesmo uma corrida tecnológica para reduzir a incidência de Leak, com reforço no stent que sustenta os folhetos, reduzindo a área efetiva de fluxo.

Seguindo esse racional, as próteses que apresentam os folhetos implantados de forma supra anular apresentam menor incidência de mismatch do que aquelas balão expansíveis, que apresentam anatomia dos folhetos no plano do anel.

Com a expansão das indicações, essa é mais uma preocupação a ser fortemente considerada numa discussão de Heart Team prévia à intervenção em que a escolha da melhor prótese pode mudar complemente o curso da vida desse paciente.