O Método Clínico

Tosse e Expectoração

A tosse é um reflexo secundário à irritação das vias aéreas inferiores que, na presença de valvopatias, pode ser gerada pelo simples fato de existir uma congestão venocapilar pulmonar.

Situações de extravasamento de fluidos para o interior do alvéolo fazem surgir esse reflexo que tem como objetivo tentar limpar as vias aéreas. Como explicado anteriormente, muitos casos têm piora durante a noite por elevação da reabsorção periférica com retorno venoso aumentado, a tosse pode ser bastante incômoda nesse período do dia.

Já a expectoração é o produto secretivo eliminado na tosse. Essa secreção pode ter várias características, mas em casos de congestão venocapilar pulmonar, ela tende a ser serosa. Casos mais avançados ou na presença de situações que se aproximam de um edema agudo de pulmão, a secreção pode ser rósea e espumosa, secundária ao extravasamento de hemácias para o interior dos alvéolos.

Uma situação levemente diferente é a presença de hemoptoicos na secreção. Diferente da passagem de hemácias para o interior do alvéolo, ocorre ruptura dos vasos peri-alveolares levando a uma quantidade maior de sangue nessa topografia, de no mínimo 2mL. Assim, a secreção é exteriorizada com verdadeiras raias de sangue.

Casos de estenose mitral em estágios muito avançados podem apresentar esse tipo de manifestação. Adiante discutiremos a fácies mitralis, que é um estágio avançado e pode apresentar hemoptoicos associados. Raros casos se apresentam com hemorragia alveolar franca e sangramentos graves nessa topografia.

A presença de um sangue vivo, aerado e sem restos alimentares diferencia uma hemoptise de uma hematêmese e deve ser levada em consideração na hora de questionar o paciente.