Quem já participou de algum implante transcateter de uma prótese TAVI já presenciou o famoso momento em que a prótese é liberada e o hemodinamicista se vira para o ecocardiografista e pergunta se está tudo bem.
Nesse exato momento, há a necessidade de avaliação da expansibilidade adequada do dispositivo, adequado ancoramento, gradientes e possíveis jatos de regurgitação.
Como é de se esperar, esse processo leva ao menos alguns segundos e até minutos, mas a ansiedade do hemodinamicista já da o seguinte comando à equipe para fazer uma angiografia de controle, em que ele conseguiria observar uma possível regurgitação.
A questão que surge é, seria realmente necessário utilizar-se de contraste para obter essa informação segundos antes do ecocardiografista lhe trazer esse dado? Pois então, exatamente por parecer um contrassenso que foi desenvolvido um modelo de quantificação da regurgitação pela angiografia de controle.
Uma comparação interessante foi realizada entre a avaliação através de ressonância magnética do grau da regurgitação com a densitometria da angiografia de regurgitação de controle, na sala de hemodinâmica.
A correlação entre os métodos foi elevada, com r acima de 0,9 para assegurar a gravidade de uma regurgitação para protética após implante de TAVI. Como benefício, a disponibilidade do método ocorre em 100% dos casos, visto ser a mesma tecnologia empregada no implante da prótese.
Mas alguns pontos têm que ser analisados com frieza.
Por mais que atualmente a técnica minimamente invasiva com sedação e ecocardiografia transtorácica seja a rotina, a grande maioria dos casos consegue ser bem avaliada com ecocardiografia pós-procedimento, ainda na sala de hemodinâmica.
Também estamos acompanhando uma grande corrida para reduzir o uso de contraste nesses casos, o que fica na contramão desse novo método de avaliação que aparentemente necessita de um acréscimo de 20mL de infusão do contraste.
É interessante que essa avaliação deixa de ser completamente subjetiva como vemos atualmente, baseado apenas na experiência do time que executa o procedimento e caso seja possível já incorporar esse algoritmo no procedimento sem elevar o volume de contraste, pode ser uma excelente alternativa melhorando a sensibilidade da avaliação, embora a localização precisa do jato não ocorra e ainda seja necessária orientação ecocardiográfica.
Será que a ansiedade inerente a essa resposta no pós-procedimento imediato pode motivar o desenvolvimento de uma ferramenta que traga maior precisão na avaliação? É possível, mas essa tecnologia ainda precisa evoluir para não prejudicar mais do que auxiliar.