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Cardioversão na Regurgitação Tricúspide

Amiodarona é mocinha ou vilã?

Ao falarmos de regurgitação tricúspide, já vem em nossa mente uma série de fatores envolvidos e que nos trazem grandes desafios no momento de tomar uma decisão clínica. Abordamos recentemente aspectos da intervenção isolada de uma insuficiência tricúspide, buscando aumentar a precisão do momento ideal de uma cirurgia.

No entanto um outro ponto sempre é discutido com profundidade que é a presença de uma fibrilação atrial permanente. Nesses casos, podemos observar o aumento atrial ao longo dos anos causando uma regurgitação tricúspide funcional de origem atrial, por aumento do anel tricúspide.

Sabemos desse impacto e de como a reversão para ritmo sinusal pode ser a decisão terapêutica mais acertada nessas situações, visto presenciarmos várias vezes um remodelamento reverso e resolução da valvopatia.

Mas para manter o paciente em ritmo sinusal, não é incomum ter que utilizar antiarrítmicos por longos períodos, como é o caso da amiodarona.

Ao buscarmos dados na literatura do uso de amiodarona em pacientes com fibrilação atrial, algumas informações precisam ser lidas com cautela para ser aplicada no dia a dia.

De forma geral, em coortes diversificadas dentro da cardiologia, o uso de amiodarona na presença de fibrilação atrial está correlacionada a melhora de sobrevida no longo prazo.

A principal razão para isso, provavelmente é a reversão do indivíduo em ritmo sinusal, mas não necessariamente sua manutenção. Não é que a amiodarona não seja a responsável por essa manutenção, mas outros artifícios poderiam ser tentados para essa manutenção e uma eventual suspensão da amiodarona poderia ser tentada.

Isso é posto, pois sabemos que a amiodarona é uma droga de depósito e não é isenta de efeitos colaterais significativos com envolvimento pulmonar e em outras topografias.

Recentemente o uso crônico foi correlacionado a neoplasias pulmonares, mas pesquisas mais recentes não endossam esse achado. No entanto, fibrose pulmonar é sim uma complicação possível dependente do tempo de uso da amiodarona.

Hoje não temos uma resposta definitiva sobre isso, quando vemos um caso desses que faz uso de amiodarona, mantem-se em ritmo sinusal e resolveu uma possível insuficiência tricúspide. Talvez partir para uma ablação poderia ser um caminho, mas os dados ainda são conflitantes.

Sempre devemos buscar reduzir os riscos ao paciente e esse é um caminho a ser investigado com cautela. Uma ablação associada a uso de betabloqueadores seria superior ao uso crônico em baixas doses de amiodarona? Estudos dedicados são necessários para entendermos a melhora estratégia.

Literatura Sugerida: 

1 – Crea F. The dark side of arrhythmia treatment: iatrogenic tricuspid regurgitation and drug toxicity. Eur Heart J. 2024 Feb 1;45(5):317-320.

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