Lifetime Management

Estamos acompanhando uma grande expansão das indicações de TAVI atualmente e a tendência é que isso se acelere após as publicações dos resultados do Early-TAVR. Já discutimos aqui diversos insights sobre essa publicação e como devemos lidar com esses resultados no nosso dia a dia, mas independente disso, com essa tendência posta, devemos planejar também com mais atenção o planejamento de longo prazo das abordagens aórticas.

É fácil pensarmos na durabilidade da prótese como um problema potencial dentro desse contexto, mas também o acesso coronariano é um ponto que merece grande discussão.

Pacientes com idade ao redor de 65 anos e que se submetem a TAVI tem grande chance de ainda experimentar algum evento coronariano agudo ao longo da vida e o tempo para reperfusão é essencial quando pensamos em resultados excelentes na abordagem coronariana.

Assim, situações que possam dificultar ou mesmo atrasar o acesso coronariano podem ser complicações que deveriam ser evitadas em alguns casos.

Indivíduos com seios de Valsalva pequenos podem dificultar a adequada angulação do cateter, bem como um alinhamento desajustado de um poste de sustentação da prótese direcionado exatamente na abertura do óstio coronariano.

Com a tendência de implantes cada vez mais rasos de próteses autoexpansíveis, um novo desafio pode surgir, visto que esses dispositivos costumam ter folhetos com implante supraanular. Assim, em casos anatomicamente selecionados, ao evitar o risco de marcapasso, pode-se elevar os riscos de obstrução do óstio coronariano em uma nova abordagem do futuro e isso deveria ser pesado no screening pré-procedimento e na escolha do melhor dispositivo.

Atualmente existe uma tendência de indicar uma adequada revascularização pré-procedimento visando evitar eventos agudos posteriores ao implante de um TAVI, mas ainda é um assunto muito debatido.

O desenvolvimento de cateteres dedicados a abordagem de pacientes já submetidos a TAVI também pode ser uma realidade nos próximos anos, embora ainda não possamos encontrar esse tipo de tecnologia disponível no mercado.

O recado que fica é que, cada vez mais devemos estratificar com cautela nossos pacientes antes de submetermos a uma intervenção e devemos já pensar fora da caixinha quando falamos em lifetime management, pois as indicações estão se expandindo e novas tecnologias surgindo. Na estenose aórtica, é hora de abordar o paciente focando nos próximos 20 anos também…