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Átrio esquerdo na Regurgitação Aórtica

Um novo parâmetro

Cada vez mais estamos observando os pacientes com valvopatia como um indivíduo com manifestações hemodinâmicas complexas, mas que sempre seguem uma linha de raciocínio fisiopatológico.

Baseada nessa ideia, a procura por sinais de repercussão hemodinâmica, secundária a uma determinada sobrecarga tem ganhado destaque na literatura e tem se provado ser além de um simples marcador de gravidade, mas um achado com impacto real na curva de mortalidade.

Na vigência de uma regurgitação aórtica importante, os olhos do examinador já se direcionam primeiramente para o ventrículo esquerdo, cavidade que sofre a grande sobrecarga de volume imposta pela valvopatia.

Uma série de estudos tem mostrado que os valores de referência que encontramos nos ventrículos de pacientes com insuficiência aórtica são fundamentais para indicar intervenção com benefício na sobrevida dos indivíduos. No entanto, essa avaliação ainda tem determinadas limitações e alguns detalhes que necessitam ainda serem explorados mais a fundo.

Encontramos uma certa diferença de comportamento desse remodelamento de acordo com o sexo e idade do paciente e esses dados têm que ser levados em consideração.

Diante disso, a observação do átrio esquerdo não costumava ganhar muita atenção dentro dessa valvopatia, mas poderia ser uma leitura de repercussão hemodinâmica a mais.

Ao longo do acompanhamento clínico, quanto mais dilatado está o átrio esquerdo, pior esta seu strain, o que faz todo sentido fisiopatológico.

Aparentemente, achados de aumento de átrio esquerdo se correlacionaram a desfechos nos pacientes com insuficiência aórtica com a vantagem de não diferirem de acordo com o sexo ou idade, assim como os achados de repercussão do ventrículo.

O átrio esquerdo passa a lidar com uma pressão diastólica final elevada em pacientes com insuficiência aórtica o que leva a sua dilatação. Também tem a elevação da pós-carga, pois a pressão no interior do ventrículo está aumentada e o átrio encontra determinada dificuldade de escoar seu volume para a câmara seguinte.

É bem possível que esses dados não venham para sobrepor o que já conhecemos do ventrículo esquerdo, mas sim venham fornecer um valor incremental e corroborar possíveis decisões em casos limítrofes e que demandem uma avaliação multimodal para a tomada de decisão.

Interessante ressaltar que como essa avaliação ainda está no início, poucos dados são encontrados na literatura, mas incialmente uma referência para o volume indexado seria 37mL/m2 e para o strain de reservatório de átrio esquerdo, 35%.

De forma uniforme, cada valvopatia tem ganhado olhares mais amplos do seu impacto ao longo dos anos, o que nos faz entender que esses achados podem contribuir para chegarmos mais próximo do ponto ideal de indicação de uma possível intervenção.

É bem possível que em breve, um sistema de avaliação lance mão de um algoritmo que use uma série de parâmetros, sendo um deles a avaliação do átrio esquerdo para aumentar o acerto na tomada de decisão, sem claro, esquecer o ventrículo esquerdo.

Literatura Sugerida: 

1 – Akintoye E, El Dahdah J, Dabbagh MM, et al. Longitudinal Assessment of Left Atrial Remodeling in Patients With Chronic Severe Aortic Regurgitation. JACC Cardiovasc Imaging. 2024 Jun 12:S1936-878X(24)00156-6.

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