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Pressão de Artéria Pulmonar

Importante na Regurgitação Mitral

Se você tem acompanhado a plataforma nas últimas semanas, já deve ter percebido que uma boa parte das discussões estão direcionadas aos achados de repercussão hemodinâmica de determinada valvopatia. Isso tem ocorrido muito pelo entendimento de um binômio válvula-miocárdio.

No entanto, alguns pontos que tradicionalmente nos direcionam para repercussão hemodinâmica trazem leituras enviesadas e muitas vezes não corroboradas por achados científicos. Um dos exemplos que melhor expressa esse aspecto é a pressão de artéria pulmonar.

É de senso comum na cardiologia, que lesões do lado esquerdo podem ocasionar sobrecarga pressórica intracavitária que em última instância levaria a uma repercussão hemodinâmica do lado direito com elevação da pressão de artéria pulmonar. Assim, podemos fazer uma clara leitura de que pacientes mais graves devem ter a presença desse marcador de repercussão.

Ainda sobre isso, muitos serviços, tradicionalmente colocavam valores de pressão de artéria pulmonar como uma certa contraindicação a intervenção cirúrgica o que sempre foi muito debatido e tem fraco embasamento fisiopatológico sob a luz da medicina baseada em evidências.

Recentemente uma publicação de uma observação retrospectiva de uma coorte de pacientes com insuficiência mitral de etiologia degenerativa por prolapso questionou os valores de referência para a pressão de artéria pulmonar e desfechos clínicos relevantes.

Aqui vale ressaltar que mais de 25% desses indivíduos apresentam valores de pressão sistólica da artéria pulmonar acima de 50mmHg o que já sinalizaria desfechos negativos nesse grupo em específico.

Uma nova forma de avaliar esse grupo de pacientes é observar o que chamamos de pressão média da artéria pulmonar e aqui surge um novo marcador. Cerca de 30% dos pacientes com essa valvopatia apresentam valores de pressão média entre 35 e 50mmHg que também foi correlacionado com desfechos negativos ao longo dos anos.

Vale ressaltar que, diante das indicações clássicas de intervenção em uma insuficiência mitral degenerativa, independente do valor da pressão e artéria pulmonar, há claro benefício na curva de sobrevida, embora devamos saber que se trata de pacientes com uma condição clínica pior e que pode encontrar alguns desafios de manejo ao longo do pós-procedimento.

Outro ponto é que, guiado pela presença do marcador pressão de artéria pulmonar elevado, seja o valor sistólico máximo acima de 50mmHg ou o médio acima de 35mmHg, a intervenção precoce, dentro de 3 meses dessa avaliação mostrou-se eficaz em beneficiar a curva de sobrevida, levantando a hipótese de que talvez esse marcador devesse ganhar mais destaque em futuras diretrizes, principalmente em pacientes considerados assintomáticos.

Mas um ponto deve ainda ser melhor estudado. Os valores de pressão de artéria pulmonar, em várias casuísticas, se mostraram independente do grau da regurgitação mitral, levando a uma leitura mais complexa de que não é apenas o volume regurgitante o responsável pela elevação dos valores encontrados, mas também outros pontos como complacência atrial e da circulação pulmonar que pode sofrer influência de outras condições.

O recado que fica é que uma avaliação ampla da pressão da artéria pulmonar deve ser realizada e talvez mereça mais atenção do que atualmente estamos dando a esses valores na hora de indicar uma intervenção na valva mitral.

Literatura Sugerida: 

1 – Essayagh B, Benfari G, Antoine C, et al. Reappraisal of the Concept and Implications of Pulmonary Hypertension in Degenerative Mitral Regurgitation. JACC Cardiovasc Imaging. 2024 Jun 26:S1936-878X(24)00195-5.

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