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Clipagem Mitral

Mundo Real na IM primária

É interessante quando observamos as discussões sobre o uso dos dispositivos de clipagem mitral como se eles estivessem sido criados para o tratamento da insuficiência mitral funcional.

De fato, nos últimos anos, o número de trials e publicações relacionadas ao tratamento com essa técnica em pacientes portadores de insuficiência mitral funcional aumentou drasticamente, principalmente depois do COAPT trial.

No entanto, se buscarmos um pouco atrás na literatura, vemos que o primeiro dispositivo aprovado para o tratamento de clipagem mitral foi testado em uma coorte em que tínhamos grande número de pacientes portadores de insuficiência mitral primária, mais de 70% da coorte.

Atualmente, quando direcionado a esse tipo de paciente, o uso desses dispositivos de clipagem são indicados em indivíduos idosos e com elevado risco cirúrgico pré-procedimento.

Mas como frequentemente ocorre na medicina, esse procedimento, quando observado com os óculos do mundo real, tem uma amplitude de indicação bem maior do que a limitação a esses pacientes. Para isso, observar grandes bancos de dados podem nos trazer grandes insights de um uso mais disseminado de determinada técnica.

Nos Estados Unidos, o banco de dados do STS nos mostra que, para pacientes portadores de insuficiência mitral degenerativa, o sucesso do procedimento de clipagem se aproxima de 90% dos casos, ou seja, temos uma regurgitação residual menor do que moderada sem elevação significativa dos gradientes diastólicos.

Também é percebido que a segurança do procedimento é elevada, com raros casos de complicações graves no peri-procedimento.

Nos casos de sucesso no implante, há clara melhora na curva de mortalidade ao longo de 1 ano, sendo o impacto maior direcionado às doenças de base que o paciente já apresenta, visto serem, na grande maioria idosos com histórico amplo de doenças.

Vale ressaltar, que ao longo dos 8 anos de acompanhamento desse banco de dados, os índices de sucesso e baixas complicações aumentaram consideravelmente, mostrando ser o procedimento tecnicamente cada vez mais maduro.

Dados mais diretos mostram que em uma população com mais de 80 anos de idade, menos de 1% de complicações são vistas e o tempo de internação gira ao redor de apenas 1 dia.

Obviamente quanto mais jovem é o paciente, maior deve ser o rigor em tentar corrigir o volume regurgitativo, mas essa leitura fisiopatológica ainda está distante de ser totalmente esclarecida e o acompanhamento a longo prazo de indivíduos mais jovens e com menos comorbidades pode nos trazer algumas novas posições.

Sempre lembrando que essas informações foram extraídas de um banco de dados de mundo real, isso traz vieses inerentes, mas também nos da a oportunidade de ver determinados procedimentos realizados um pouco fora da zona de indicação precisa dos guidelines.

Literatura Sugerida: 

1 – Makkar RR, Chikwe J, Chakravarty T, et al. Transcatheter Mitral Valve Repair for Degenerative Mitral Regurgitation. JAMA. 2023 May 23;329(20):1778-1788.

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