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Eletrodo de Marcapasso

Briga com a Tricúspide

Cada vez mais nos aprofundando no estudo da regurgitação tricúspide e diante das publicações mais recentes, um tipo específico de etiologia tem ganhado notoriedade e merece uma atenção especial.

A regurgitação tricúspide na presença de eletrodos de marcapasso nas cavidades direitas acabou sendo separada da tradicional etiologia primária ou secundária por apresentar características a parte.

Já de início, precisamos diferenciar a insuficiência tricúspide na presença de eletrodos daquela causada pelos eletrodos. Embora a simples presença do dispositivo possa criar dificuldades em um possível tratamento, é diferente quando vemos a ação direta sobre os componentes do aparato valvar.

Ainda observando uma possível intervenção, algumas alternativas são possíveis e precisamos conhecê-las. Podemos implantar próteses transcateter aprisionando eletrodos, podemos tentar extrair eletrodos ou mesmo reposicioná-los em um contexto de dispositivo para tratamento valvar presente.

A depender da dinâmica do posicionamento do eletrodo, sua simples retirada pode, inclusive, resolver a regurgitação tricúspide.

O ideal é que o manejo da valvopatia já aconteça no momento do implante do eletrodo, evitando que um grau avançado de regurgitação impacte o ventrículo direito e a circulação sistêmica. Assim, o eletrodo pode interferir diretamente na anatomia perfurando um folheto, distorcendo o aparato subvalvar, deslocando e fibrosando determinado folheto ou mesmo criando uma grande dissincronia ventricular levando à dilatação da cavidade e tração dos músculos papilares.

Para essa avaliação o método de escolha é a ecocardiografia intra-procedimento que vai guiando o implante e recomendando possíveis ajustes e recolocações evitando a valvopatia.

Um ponto extremamente controverso ainda é uma possível extração transvenosa do eletrodo. Embora possa parecer pouco invasivo, pode levar a resultados difíceis de se prever. Em casos de implante de eletrodo de longa data, os riscos de acidentes durante a tração e extração são maiores, devendo ser feito em centros mais experientes.

Diante de tudo isso, a abordagem de pacientes com regurgitação tricúspide relacionados a eletrodos ou mesmo aqueles que necessitem de intervenção tricúspide e necessitem de implante posterior de marcapassos deve ser realizada em ambiente de Heart Team, em que diversos especialistas avaliam conjuntamente o caso do paciente. Vale ressaltar que um eletrofisiologista é fundamental nesse desenho específico de Heart Team.

Embora falte muito a avançar, nesse contexto atualmente a extração do eletrodo que causa regurgitação tricúspide é recomendada quando tem dificuldade técnica baixa, apresenta alta chance de regredir a regurgitação pela relação anatômica e existem mecanismos alternativos de estimulação. Ainda vale ressaltar que diante da demanda de intervenção na valva tricúspide, a relação do novo dispositivo com o eletrodo deve ser avaliada para decidir se será necessária a extração. Ou seja, caso a caso e com uma avaliação extensa e detalhada.

Literatura Sugerida: 

1 – Hahn RT, Wilkoff BL, Kodali S, et al; Heart Valve Collaboratory and Heart Rhythm Society. Managing Implanted Cardiac Electronic Devices in Patients With Severe Tricuspid Regurgitation: JACC State-of-the-Art Review. J Am Coll Cardiol. 2024 May 21;83(20):2002-2014.

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