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Disfunção Renal e Hepática

Tratar a tricúspide resolve?

Um dos aspectos interessantes sobre o tratamento da valvopatia tricúspide é entender como seria o impacto hemodinâmico evolutivo e aqui, não apenas o ventrículo direito é o centro das atenções.

Proximal à valvopatia, encontramos o sistema venoso periférico e junto, uma série de outros órgãos que dependem desse fluxo adequado em um sistema pressórico dentro de padrões fisiológicos.

Não é incomum vermos pacientes com insuficiência tricúspide avançada evoluindo com piora da função renal ou ainda, embora mais rara, insuficiência hepática evoluindo até mesmo à cirrose.

De toda forma, devemos também entender que disfunções de múltiplos órgãos são difíceis de serem avaliados em um contexto de única intervenção, pois são impactados diretamente por diversas outras comorbidades e não é tão simples assim encontrar uma relação mecanística.

No acompanhamento de 1 ano dos pacientes que se submeteram ao implante transcateter de clips na valva tricúspide, podemos obter algumas informações interessantes sendo que algumas delas já amplamente discutidas recentemente aqui na plataforma.

Sobre mortalidade, uma série de pontos devem ser levados em consideração, mas com o foco no laboratório que aponta para disfunção renal e hepática, podemos ver que aqueles indivíduos com disfunções mais avançadas desses órgãos apresentam maior mortalidade, independente do tratamento intervencionista na valva.

Ao longo desse ano de acompanhamento, nos pacientes envolvidos não foi notada uma melhora significativa na função renal ou hepática, mas observando apenas os casos que tiveram uma redução importante do grau de regurgitação, uma discreta melhora da taxa de filtração foi percebida, bem como na função hepática por melhorias no MELD.

Vale ressaltar que observando as curvas de Kaplan-Meier, há uma tendência de separação ao final do ano de acompanhamento, o que pode sugerir que acompanhamentos mais longínquos podem nos trazer benefícios outros sobre a função desses órgãos, seguindo a mesma ideia que discutimos em outro momento sobre mortalidade nesse tipo de população.

Outro ponto é que mais da metade dos pacientes incluídos nesses estudos tem funções hepática e renal normais, o que não traria resultados significativos para esse tipo de leitura.

Independentemente da função do órgão-alvo no início do estudo, os pacientes experimentaram melhorias significativas na qualidade de vida e classe funcional. Isso já seria um indício de que podemos ter sim impacto a longo prazo nesses sistemas, mas com o acompanhamento atual não é possível ver benefício ainda.

Hoje temos uma tendência positiva para repercussão hemodinâmica nesses pacientes, mas como é uma valvopatia que lida com fisiopatologia diferente do lado esquerdo, o tempo para vermos resultados e nosso foco no acompanhamento parecem ser diferentes à direita da circulação.

Literatura Sugerida: 

1 – Jorde UP, Benza R, McCarthy PM, et al. Impact of Renal and Liver Function on Clinical Outcomes Following Tricuspid Valve Transcatheter Edge-to-Edge Repair. J Am Coll Cardiol. 2024

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