Exame Físico das Valvopatias

Sopro da Estenose aórtica – Parte 4

Pacientes com valva aórtica bivalvar, mas que não apresentem gradientes sistólicos significativos, podem apresentar um ruído sistólico, como um click de abertura, simulando um desdobramento da primeira bulha. Em casos de gradiente, caracterizando uma estenose aórtica, o sopro acaba por mascarar esse click de abertura, dificultando muito sua percepção.

No exame físico da estenose aórtica, fora a ausculta e exame do precórdio, alguns dados chamam atenção e devem ser ativamente procurados pelo examinador.

O exame dos pulsos pode nos trazer uma série de informações relevantes, inclusive sobre a gravidade do quadro. Estenose aórtica importante em fases avançadas apresentam um pulso característico, com baixa amplitude e longa duração. A denominação vem do latim: Parvus et Tardus.

Nesse contexto, ao palpar os pulsos, de preferência os centrais, o examinador percebe que a onda de pulso demora para subir ao seu pico, que já é mais baixo do que o habiual e tem duração mais prolongada do que o normal. Esse achado reflete o baixo volume sistólico existente nessa condição. Um stroke volume reduzido causa exatamente essa percepção.

Pacientes que desenvolvem estenose aórtica de etiologia congênita, podem apresentar doenças da artéria Aorta de forma concomitante e alteração nos pulsos podem ser encontradas. Em casos de dissecção de Aorta que envolva vasos dos membros superiores, diferença na intensidade dos pulsos e até mesmo nas medidas pressóricas entre os membros podem ser achados no exame físico desses casos, embora a sintomatologia e história clínica possam ajudar fortemente nessa investigação.

A avaliação geral dos pacientes que evoluem com estenose aórtica degenerativa calcifica também deve envolver uma análise sobre síndrome de fragilidade. Muitos indivíduos desenvolvem sarcopenia e apresentam limitações nas atividades diárias por essas razões, associadas à limitação da valvopatia em questão.