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Filtro para TAVI

Não empolga…

Com a expansão do TAVI como método de tratamento intervencionista da estenose aórtica, passamos a ver uma série de situações em maior quantidade, o que é característico de quando determinada tecnologia é difundida.

Tanto os aspectos positivos, quanto os negativos passam a ser mais vistos e o melhor, postos à prova em condições de mundo real.

No TAVI pudemos ver isso com relação ao AVC. Embora tenha uma incidência igual ou menor do que a cirurgia convencional, esse desfecho, quando ocorre é altamente impactante na vida dos pacientes e devemos buscar de todas as formas evitá-lo.

Uma das principais causas dessa ocorrência durante o TAVI é a embolização de detritos que ocorrem ao manipular a valva aórtica calcificada o que poderia, em teoria, ser reduzido pela presença de filtros de proteção nos vasos da base.

Embora a incidência imediata não se mostrou menor no grupo que recebeu a proteção, a presença de AVC incapacitante ocorreu em menor número no grupo com esse dispositivo, levantando a possibilidade de, em coortes maiores, podermos enxergar algum benefício.

De forma pragmática, quem vem o filtro após um procedimento sai convencido que esse cuidado é fundamental para evitar embolização para sistema nervoso central, pois o número de detritos é muito grande assustando o cardiologista que ve o que se evitou de embolizar.

No entanto, em nova amostra com número maior de pacientes trouxe resultados semelhantes não mostrando superioridade do uso do dispositivo de proteção em relação ao procedimento tradicional.

Vale ressaltar que nesse estudo, a definição de AVC se baseava em manifestação clínica sem a complementação com imagem de sistema nervoso central.

Esse é um ponto ainda extremamente polêmico e que merece uma atenção especial. Aqui podemos ver claramente uma situação em que temos um raciocínio fisiopatológico claro em que conseguimos, inclusive retirar detritos da raiz da aorta que seriam embolizados, mas observando impacto clínico, até o momento, não conseguimos provar benefício estatístico.

Pragmaticamente também, se não tem benefício, não deveria ser adotado, pois aumenta risco ao procedimento, além de custo sem interferir positivamente.

Mas será que estamos olhando apenas o desfecho que deve ser observado? Obviamente essa avaliação em 72h é crucial, mas será que essas embolizações não teriam impacto no médio ou longo prazos em outros desfechos, como demência? Ainda não temos condição de afirmar, mas para o POI, essa proteção parece não mudar muita coisa mesmo…

Literatura Sugerida: 

1 – Kharbanda RK, Kennedy J, Jamal Z, et al; BHF PROTECT-TAVI Investigators. Routine Cerebral Embolic Protection during Transcatheter Aortic-Valve Implantation. N Engl J Med. 2025 Mar 30.

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