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Fisiopatologia da Estenose Aórtica

Deep Dives…

Quando falamos de fisiopatologia de determinada doença na cardiologia, vem a nossa mente todo um estudo de fisiologia básica que muitas vezes negligenciamos. Obviamente aspectos relacionados a repercussões hemodinâmicas são cruciais para entender o caminhar de determinada condição, mas a gênese da doença também é um aspecto que não podemos esquecer.

Está muito em discussão a estenose aórtica de etiologia calcifica, em que vemos um processo muito semelhante ao da aterosclerose acometendo os folhetos da valva aórtica, tornando-a menos flexível e gerando gradiente sistólico ejetivo.

No entanto, nem todos os casos têm um componente calcifico tão pronunciado e o desenvolvimento de fibrose passa a ser preponderante nesse processo.

De forma geral, a tomografia é um excelente método para avaliar calcificação e tem sido usado para esse fim, mas uma leitura pouco ampla desses resultados poderia nos fazer não enxergar quadros com pouco cálcio e muita fibrose.

Pacientes com desenvolvimento de cardiopatia reumática podem desenvolver estenose aórtica e esse contexto fisiopatológico costuma se desenvolver com pouca calcificação e mais fibrose.

O mesmo podemos falar dos casos que se submeteram a radioterapia torácica por alguma neoplasia e que desenvolvem uma lesão actínica das valvas, que podem cursar também com pouca calcificação.

Interessante ressaltar que essa leitura fisiopatológica esperada nem sempre é encontrada nos bancos de dados americanos.

Avaliando casos sob essa perspectiva, a presença de componente fibrótico em indivíduos idosos se mostrou correlacionada a doenças autoimunes, gênero feminino, obesidade e hipertensão arterial sistêmica, o que gera um conflito na interpretação.

Cardiopatia reumática se mostrou igual nos grupos, mas pode ter sido por baixa casuística e em idades já mais avançadas em que o processo de depósito de cálcio pode ter ocorrido.

Pode ser que estejamos diante de uma nova manifestação fenotípica da estenose aórtica, mas os dados iniciais mostram que, clinicamente, a evolução é muito semelhante à tradicional estenose aórtica calcifica.

Talvez o desafio do momento seja no método diagnóstico e a forma de avaliar, pois ainda podemos ter dificuldade em dar o diagnóstico nessa apresentação algo diferente. Passada essa etapa, talvez tentar entender melhor as manifestações clínicas e possibilidades terapêuticas para esses grupos de pacientes. Ainda temos um bom caminho pela frente…

Literatura Sugerida: 

1 – Maznyczka A, Tomii D, Angellotti D, et al. Fibrotic vs Calcific Aortic Stenosis: Characteristics and Outcomes in Patients Undergoing Transcatheter Aortic Valve Replacement. JACC Cardiovasc Interv. 2024 Oct 21:S1936-8798(24)01254-8.

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