A discussão sobre a etiologia de uma determinada valvopatia é muito importante e tem se mostrado cada vez mais decisória na árvore de decisão terapêutica. A valva mitral atualmente é o maior exemplo disso com grandes discussões e abordagens distintas quando falamos em etiologia funcional ou degenerativa da valva mitral.
Dando enfoque a etiologia degenerativa, ou também chamada de primária, de forma mais ampla, em centros mais desenvolvidos, o prolapso da valva mitral é o grande responsável, mas em núcleos mais pobres a etiologia reumática ainda tem prevalência elevada.
Se isolarmos apenas os pacientes com prolapso de degeneração da valva mitral, conseguimos encontrar alguns pontos divergentes de resultados quando comparamos homens e mulheres e esse debate merece mais atenção.
Observando dados de registros europeus e norteamericanos, mulheres são minoria nos encaminhamentos para centros terciários de intervenção valvar, além de serem clinicamente mais graves quando chegam nesses serviços.
Apresentam idade mais avançada, mais sintomas e dados ecocardiográficos piores como pior fração de ejeção e maior prevalência de hipertensão arterial pulmonar.
Os dados relacionados a medidas cavitarias são menores do que em homens, mas quando indexado para superfície corporal, se apresentam em fases piores do que o gênero oposto.
Um ponto chama atenção sobre a mortalidade. Dentro dos pacientes que ficam em acompanhamento clínico, a mortalidade é elevada nos dois gêneros, mas é ainda maior no grupo das mulheres, sugerindo que nesse grupo a doença teria um comportamento mais agressivo.
Já naqueles que vão para intervenção, os desfechos no sexo feminino são piores muito pelo exposto sobre estágio da doença. O timing da cirurgia melhor entre os homens leva a uma curva de mortalidade melhor e também a um impacto no remodelamento ventricular mais satisfatório.
Um dado conflitante na literatura e que ainda precisa ser melhor investigado é que dados epidemiológicos gerais mostram que mulheres tem maior prevalência de prolapso da valva mitral, mas nos centros terciários ainda vemos o oposto. Vale salientar que aparentemente pacientes que evoluem com regurgitação mais avançada tem equivalência de prevalência com relação ao gênero, sugerindo a doença ter evolução pior no sexo masculino, justificando o conflito na literatura.
Resultados cirúrgicos também acabam sendo afetados por essa discrepância. Taxas de reparo valvar acabam sendo maiores no sexo masculino, mas ainda não está claro se isso se deu por estarem as mulheres em fases mais tardias da doença ou mesmo se questões anatômicas foram as causas de tal diferença. Fato é que reparo valvar traz melhores evoluções clínicas e menor mortalidade.
Na presença de sintomas, a taxa de encaminhamento é semelhante entre os gêneros, mas na ausência de sintomas significativos, vemos poucos casos de mulheres sendo referenciadas, provavelmente por termos nos guidelines dados ecocardiográficos iguais entre homens e mulheres sem ressaltar com a devida importância a indexação para superfície corporal.
Ainda temos dados obscuros a serem melhor estudados e independente de questões sociais sobre gêneros, aparentemente o estadiamento da doença em mulheres parece trazer dificuldade ao cardiologista clínica que tem perdido o timing ideal para uma intervenção valvar.
Literatura Sugerida:
1 – Avierinos JF, Tribouilloy C, Bursi F, et al. Degenerative mitral regurgitation due to flail leaflet: sex-related differences in presentation, management, and outcomes. Eur Heart J. 2024 Jul 9;45(26):2306-2316.
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