O interesse em estratificações cada vez mais aprofundadas em pacientes portadores de cardiopatia estrutural vem crescendo bastante nos últimos anos, com o incremento tecnológico de diversos métodos diagnósticos aliado a um conhecimento mais exato da fisiopatologia das valvopatias.
Baseado nisso, a compreensão e mensuração da fibrose miocárdica tem se mostrado como dado prognóstico importante em pacientes com estenose aórtica. Nesse contexto, a ressonância do coração é o exame padrão-ouro dentro dos métodos não invasivos, mas mesmo assim, tem suas limitações.
O paciente necessita um tempo maior para aquisição das imagens e recebe contraste de gadolíneo, que pode ser um desafio em casos de clearence de creatinina abaixo de 30mL/min.
Algumas publicações tentam encontrar outro método diagnóstico que trouxesse dados sobre fibrose e a tomografia também poderia ser utilizada com esse objetivo, embora algumas diferenças técnicas existam.
Recentemente, buscando trazer ainda mais dados desses indivíduos, o uso da medida do strain miocárdico pela tomografia passou a ser investigado e se mostrou com boa correlação com desfechos, principalmente quando associados à medida de fibrose em pacientes com estenose aórtica e que se submetiam ao TAVI.
A eletrocardiografia também pode ser utilizada nesse tipo de paciente através do escore de Selvester, que através da amplitude do QRS em algumas derivações é capaz de predizer com boa precisão a massa de fibrose miocárdica.
Diante de todas essas tecnologias, passamos a entender bem mais o que acontece em nível tecidual e aprendemos ainda mais sobre o comportamento adaptativo na estenose aórtica.
Talvez o melhor caminho fosse utilizar essas informações, associadas a dados que já conhecemos, como dosagem de troponina e BNP e dados ecocardiográficos para o desenvolvimento de um algoritmo acurado que possa predizer desfechos nesses indivíduos.
Abrir a cortina para vermos o que acontece nos bastidores da cardiopatia estrutural além de ser um grande campo de pesquisa, pode nos trazer insights fundamentais para manejarmos nossos pacientes no dia a dia.