Dispneia – Parte 3
A queixa de dispneia é a queixa mais comum e também a mais importante nas valvopatias. Tanto é que ela é fundamental na classificação clínica, servindo de preditor de eventos, ao mudar o paciente de estágio C para estágio D, na vigência de uma lesão importante.
O paciente pode trazer queixas diferentes para tentar passar essa informação. Na linguagem leiga, a dispneia pode ser chamada de cansaço, canseira, falta de ar, fôlego curto, fadiga, respiração difícil.
De forma prática, o paciente está fazendo um esforço maior para respirar, com uma sensação desagradável. A taquipnéia por si só pode causar desconforto e até pode dar um indício indireto da dispneia, pois o aumento da frequência respiratória é uma forma do organismo tentar compensar a baixa oferta de oxigênio. Outro sinal é a observação da contração da musculatura acessória da inspiração, como o esternocleidomastóideo, os músculos intercostais e as aletas nasais.
Dispneia paroxística noturna
A dispneia paroxística noturna é uma manifestação à parte dentro da ortopneia. Ela é mais frequente à noite e acomete, principalmente, pacientes que apresentam edemas periféricos significativos.
Ao deitar-se, o paciente até consegue dormir, mas de repente ele acorda com queixas de muita falta de ar. Isso ocorre quando o volume intersticial é reabsorvido com o decúbito e relativa elevação dos membros inferiores. Isso reduz a pressão hidrostática dentro dos vasos venosos periféricos facilitando o retorno de um volume excedente que estava alojado no interstício do indivíduo, o chamado terceiro espaço.
Com o aumento da volemia efetiva e a quantidade de sangue que chega ao coração, o paciente pode apresentar a elevação das pressões cavitárias e a congestão venocapilar pulmonar minutos ou horas após pegar no sono. Assim, ele acorda de súbito, com queixas de falta de ar e que melhoram com o indivíduo sentado ou em pé. Não é raro, inclusive, encontrar esses indivíduos na janela durante a madrugada, tentando “pegar o fôlego”.