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Endocardite no TAVI

Explante é uma boa ideia?

Tem se tornado comum a discussão sobre a expansão das indicações de realização de TAVI em pacientes de risco cirúrgico menor e também em uma faixa etária mais jovem. Essa é uma ideia que parece plausível diante dos dados sobre resultados imediatos, a longo prazo e também da durabilidade desses dispositivos que se assemelha com as próteses convencionais de alta performance.

Mas quando expandimos indicações, passamos a conviver com mais indivíduos usando determinada técnica e as possíveis complicações passam a aumentar de número, visto termos um número maior de indivíduos, bem como uma coorte algo diferente da anterior.

Baseado nisso, alguns dados sobre endocardite infecciosa precisam ser observados com atenção em pacientes que possam receber uma prótese TAVI. Sabemos que a endocardite por si só é uma patologia com elevada taxa de morbimortalidade, independente do perfil do paciente. A quase totalidade dos casos necessitam de uma abordagem cirúrgica ao longo de 1 ano após o quadro infeccioso e, de forma geral, na presença de próteses, a cirurgia é de explante do dispositivo.

Em pacientes que tenham TAVI esse procedimento pode ser ainda mais desafiador, visto termos um paciente em faixa etária mais avançada e também a técnica do explante ainda estar sendo otimizada entre os cirurgiões.

Alguns dados nos mostram que a incidência de endocardite é similar quando comparamos a prótese ser convencional ou TAVI, mas entender o perfil do paciente pode ser a chave para essa discussão.

Inicialmente, há uma tendência maior de desenvolvimento de endocardite em próteses autoexpansíveis quando comparado com as balão expansíveis, justificado pela configuração anatômica do stent e folhetos, mas por termos pouca casuística, esses achados ainda podem estar enviesados.

A realização de um TAVI-in-TAVI é uma alternativa nos casos de deterioração de prótese, mas na presença de endocardite, a retirada cirúrgica do dispositivo infectado parece ser a melhor alternativa.

Assim uma discussão extra pode surgir na hora de se decidir entre cirurgia convencional e TAVI nos pacientes em que tanto um procedimento quanto o outro tiverem as mesmas evidências científicas de benefício, o risco de uma possível endocardite no futuro. Talvez o TAVI, nesse contexto, leve uma pequena desvantagem pela possibilidade de necessidade de explante.

Outros pontos que são colocados como possibilidade é o fato de termos mais leak para protético nas próteses TAVI o que poderia aumentar o risco de desenvolver infecções, bem como a crimpagem da prótese que poderia levar a micro lesões estruturais nos folhetos propiciando a adesão de microrganismos, mas sem nenhuma evidência de dados até o momento.

A verdade é que fica o recado de entendermos que nem toda extrapolação de dados é isenta de novidades como essas, não que vá impedir a disseminação desse método, mas novas variáveis podem ganhar espaço na mesa de discussão com paciente e familiares sobre qual a melhor estratégica terapêutica a seguir. Parece complexo né!? E de fato é…

Literatura Sugerida: 

1 – Thourani VH, Sirset-Becker T, Dasi P. Hardware removal is a must with endocarditis. Eur Heart J. 2024 Jul 21;45(28):2533-2535.

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