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Próteses no PARTNER 3

Temos alguma melhor?

Em mesas de debates científicos sobre estenose aórtica, sempre vemos os questionamentos que colocam frente a frente diversos métodos com a pergunta de qual é o melhor. Embora esse tipo de observação, na maioria das vezes se torna raso e sem impacto, existem algumas formas de comparar os métodos em determinados aspectos.

A durabilidade de dispositivos implatados em uma estenose aórtica tratada é um desses pontos que vem fomentando a discussão se TAVI ou cirurgia convencional teriam desgastes distintos ao decorrer dos anos e do acompanhamento clínico.

Uma das formas de observarmos essa evolução é compararmos os marcadores ecocardiográficos ao longo dos anos para termos uma ideia de como esses dispositivos de comportam e tentar também predizer desfechos clínicos relevantes.

Ao tratarmos uma estenose aórtica, determinados comportamentos são esperados no acompanhamento pelos métodos de imagem. Obviamente espera-se encontrar uma redução significativa dos gradientes sistólicos e aumento da área, agora protética. Também se observa uma regressão do grau da hipertrofia ventricular, embora esse seja um comportamento heterogêneo e a função sistólica tende a evoluir estável ou mesmo melhorar no decorrer dos anos.

Observando dentro da coorte do PARTNER 3, em pacientes de baixo risco cirúrgico, encontramos dados semelhantes nessas variáveis no grupo cirurgia e no grupo TAVI ao longo de 5 anos de acompanhamento.

Um ponto que diferiu é a presença de leak paraprotético mais frequente no grupo de pacientes submetidos a TAVI, mas que não trouxe impacto em desfechos clínicos nem alterações que sugiram repercussão hemodinâmica pela ecocardiografia.

Dados de função sistólica do ventrículo direito se mostraram piores no grupo de pacientes submetidos a cirurgia convencional.

Um achado correlacionado com desfechos cardiovasculares foi o desacoplamento ventrículo-arterial à direita, ou seja, uma pressão de artéria pulmonar elevada frente a uma função sistólica do ventrículo direito deteriorada. Esse achado, independente do procedimento se correlacionou com desfechos, mas em números, ele ocorreu mais no grupo cirurgia convencional, muito pelo procedimento em si e pelas características do paciente e não pelo dispositivo implantado.

Um dado interessante foi a impedância ventrículo-arterial, que se mostrou maior nos pacientes que foram submetidos a cirurgia convencional. Esse achado se correlacionou a uma maior reinternação hospitalar, mas como esse parâmetro pode estar associado a diversas outras comorbidades clínicas é difícil entendermos se a intervenção propriamente dita é a responsável por esse desfecho.

O volume sistólico ejetado foi menor no grupo submetido a cirurgia, mas como esse grupo teve uma incidência maior de intervenção combinada como doença arterial coronariana e envolvimento maior do lado direito do coração, a probabilidade maior é que esse achado seja correlacionado às características do paciente e sua evolução do que propriamente ao dispositivo implantado em si. Nesse contexto, a fibrilação atrial é uma grande responsável por esse achado e esteve mais presente no grupo de pacientes submetidos a cirurgia convencional.

Dessa forma, temos indícios de comportamentos distintos entre os grupos do estudo, mas que fique claro, essa diferença parece ser dar mais em relação às características dos pacientes do que do dispositivo implantado. Ecocardiograficamente o que encontramos é uma situação pareada de qualidade entre prótese cirúrgica convencional ou TAVI, mas dados hemodinâmicos e funcionais de toda a cardiologia nos mostram cenários bem distintos…

Literatura Sugerida: 

1 – Hahn RT, Ternacle J, Silva I, et al PARTNER 3 Investigators. 5-Year Echocardiographic Results of Transcatheter Versus Surgical Aortic Valve Replacement in Low-Risk Patients. JACC Cardiovasc Imaging. 2025 Jun;18(6):625-640.

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