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Tratamento Clínico na Estenose Aórtica – Parte II

Estado da Arte

Na matéria da semana passada, falamos sobre algumas possibilidades de sistemas fisiológicos que poderiam ser alvo de terapêuticas com impacto na Estenose aórtica, como a redução de lipídios, atuação no sistema renina-angiotensina-aldosterona e alvos metabólicos glicêmicos.

Seguindo nessa linha, vamos abordar outras possibilidades dessa estratégia.

  • Sinalização NO – GMPc: Alguns estudos pré-clínicos demonstraram o efeito de inibidores de fosfodiesterase 5 (PDE-5) no remodelamento cardíaco adverso como resposta à sobrecarga pressórica causada pela Estenose Aórtica. Em um pequeno estudo publicado em 2012 no Circulation, a administração de sildenafil associou-se à melhora aguda da hemodinâmica pulmonar e sistêmica, com redução de sobrecarga biventricular. Porém, estudos a longo prazo são necessários para avaliar a real implicação desta classe de medicações sobre o remodelamento cardíaco e a evolução da Estenose Aórtica.

O Ataciguat é um ativador solúvel da guanilato ciclase, independente de óxido de nítrico. Estudos pré-clínicos com esta droga mostraram seus efeitos na redução da calcificação valvar aórtica e na atenuação da velocidade do processo de disfunção valvar. O estudo CAVS, realizado pela clínica Mayo, nos Estados Unidos, também sugeriu que o Ataciguat poderia reduzir a progressão da calcificação da valva aórtica (visto ao ecocardiograma transtorácico e à tomografia computadorizada).

  • Via NOTCH e RNA’s não codificantes: Modificadores do eixo Notch1-CDH11, que está implicado no processo de calcificação valvar aórtica também surgem como potenciais terapias para Estenose Aórtica. Em ratos, observou-se que a superexpressão desse eixo leva à disfunção valvar precoce. Alguns estudos mostraram também humanos com superexpressão de CDH11. Maiores evidências são aguardadas para análise deste potencial alvo molecular e genético de tratamento para Estenose.
  • Metabolismo mineral: A calcificação dos folhetos valvares é a chave da fase de propagação da EAo, aumentando o estresse mecânico e levando à ativação inflamatória e a mais calcificação, em um ciclo vicioso que piora a obstrução e a rigidez valvar. Terapias que atuem sobre o metabolismo do cálcio podem exercer, portanto, benefício sobre esta fisiopatologia, reduzindo o processo degenerativo valvar. Considerando a relação existente entre osteoporose e risco cardiovascular, os bifosfonados representam um potencial arsenal terapêutico na doença. Contudo, o recente estudo SALTIREII não demonstrou efeito benéfico sobre a calcificação valvar aórtica, em avaliações por PET-CT, ecocardiograma e tomografia computadorizada.

Portanto, conclui-se que o conhecimento sobre a fisiopatologia da EAo permitiu a identificação de alvos terapêuticos farmacológicos promissores para esta doença, devendo ser motivo de grandes estudos clínicos nos próximos anos e com potencial de resultados favoráveis caso mostrem interferência sobre o processo evolutivo da degeneração valvar, podendo inclusive, a longo prazo, modificar as diretrizes de abordagem da estenose aórtica e o modo como conduzimos estes casos na prática clínica.

Literatura Sugerida: 

1 – Lindman BR, Sukul D, Dweck MR, Madhavan MV, Arsenault BJ, Coylewright M, Merryman WD, Newby DE, Lewis J, Harrell FE Jr, Mack MJ, Leon MB, Otto CM, Pibarot P. Evaluating Medical Therapy for Calcific Aortic Stenosis: JACC State-of-the-Art Review. J Am Coll Cardiol. 2021 Dec 7;78(23):2354-2376.

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