fbpx

Valvopatia Dinâmica

Manobra de Handgrip na IM

Na cardiologia como um todo, não é raro nos depararmos com situações em que enxergamos uma dissociação clínico-laboratorial. Isso, basicamente é uma forma de dizer que não estamos achando nada nos exames laboratoriais que justifiquem os sintomas que o paciente apresenta.

Durante algum tempo, o estudo da função diastólica trouxe uma série de justificativas que poderiam explicar as razões pelas quais durante o esforço as dinâmicas pressóricas intracavitárias mudariam momentaneamente e gerariam sintomas cardiovasculares, predominantemente dispneia.

Após essa fase inicial do estudo, passou-se a estudar mais a fundo o tipo do esforço físico e a adaptação do sistema cardiovascular a determinadas sobrecargas. Atividades predominantemente aeróbicas levavam a uma vasodilatação periférica enquanto atividades de isometria levavam ao oposto.

De forma fisiológica, exercícios aeróbicos geram um aporte volumétrico mais pronunciado ao ventrículo esquerdo, enquanto exercícios de carga levam a esse aporte pressórico.

Se levarmos essa mesma leitura fisiopatológica para a cardiopatia estrutural, manobras que elevem transitoriamente as sobrecargas poderiam nos mostrar alterações dinâmicas da gravidade de determinadas valvopatias.

Em publicação recente, o uso da manobra de handgrip, tão discutida em casos de diferenciação entre valvopatia aórtica e mitral apresentou valor diagnóstico em pacientes com insuficiência mitral funcional.

Durante a realização da manobra, o grau da regurgitação mitral em pacientes com etiologia funcional atrial se elevou, provando ter uma interação dinâmica durante determinado tipo de exercício físico.

A avaliação tridimensional do anel mitral também apontou para alterações transitórias, mas para entendermos melhor essa linha fisiopatológica, mais casos deveriam ser estudados com uma parametrização melhor seguindo a ecocardiografia tridimensional.

Fato é que esse tipo de descoberta pode abrir um novo caminho na estratificação dos pacientes com valvopatias em que lança luz sobre a valvopatia dinâmica a depender do esforço físico em questão.

Esse tipo de avaliação já é comum em casos de atletas de ponta em que o estudo se condiciona ao tipo de atividade física que o profissional está exposto, mas será que esse tipo de contexto deve ser trazido também para os pacientes do nosso dia a dia?

Essa é uma questão que ainda vai demandar coortes maiores e uma boa correlação com desfechos clínicos, mas tendo acompanhado as outras áreas dentro da própria cardiologia, é bem possível que nos próximos anos tenhamos essas possibilidades no laboratório de ecocardiografia.

Literatura Sugerida: 

1 – Donal E, Hong GR, Ha JW, Lee KC. Functional mitral regurgitation, a dynamic disease: lobbying for greater adoption of handgrip echocardiography! Eur Heart J Cardiovasc Imaging. 2024 Apr 30;25(5):599-601.

 

Compartilhe esta postagem

Privacidade e cookies: Este site usa cookies. Ao continuar no site você concorda com o seu uso. Para saber mais, inclusive como controlar cookies, veja aqui: Política de cookie

As configurações de cookies deste site estão definidas para "permitir cookies" para oferecer a melhor experiência de navegação possível. Se você continuar a usar este site sem alterar as configurações de cookies ou clicar em "Aceitar" abaixo, estará concordando com isso.

Fechar