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Strain Miocárdico

Indexado ao grau da Valvopatia?

A avaliação diagnóstica por métodos de imagem vem evoluindo bastante nos últimos anos na cardiopatia estrutural. Métodos cada vez mais sofisticados têm sido usados para tentar aumentar a sensibilidade diagnóstica e isso vem trazendo uma série de novos aspectos para o dia a dia do cardiologista clínico.

O uso da ecocardiografia com o strain miocárdico é um exemplo desse avanço. Embora uma série de questionamentos sobre sua aplicabilidade possam ser debatidos, já encontramos na literatura uma série de evidências de que sua utilização traz valor diagnóstico e também prognóstico.

Mas como nem tudo é tão simples assim, aprofundando no método e buscando correlações clínicas, nos deparamos ainda com dados conflitantes, ou melhor dizendo, ainda pouco elucidados.

O strain é uma boa ferramenta para ver se determinada repercussão hemodinâmica em uma cavidade é, de fato, importante, apontando para pacientes que já apresentem impacto, mas que ainda não teve, por exemplo, a fração de ejeção prejudicada.

No entanto, algumas condições poderiam tirar dessa ferramenta esse poder preditivo levando a uma interpretação ainda mais cautelosa em determinadas condições de sobrecarga.

Temos acompanhado que avaliar o lado direito do coração pode ser uma boa forma de entender o grau da repercussão do lado esquerdo. Assim, o strain do ventrículo direito e também do átrio direito tem estado cada vez mais presentes nas publicações de relevância.

Quando temos valvopatia do lado direito o uso dessa ferramenta também tem se mostrado interessante, mas algumas publicações recentes tem levantado algumas ressalvas que merecem um aprofundamento.

Em casos de pacientes em estágios menos avançados da valvopatia tricúspide, conseguimos encontrar clara correlação entre os valores de strain, as medidas mais tradicionais de função sistólica do lado direito e também das medidas invasivas hemodinâmicas, mas quando temos um quadro de doença avançada, essa correlação não parece ser tão clara assim.

Inicialmente, encontrávamos um discurso na literatura de que o strain miocárdico seria um método interessante por não sofrer grande interferência de sobrecargas volumétricas, mas isso não parece ser uma verdade absoluta. Como temos visto ausência de correlação nos casos mais avançados, levantamos a possibilidade de que os valores atuais de referência talvez devam ser corrigidos para o grau de repercussão hemodinâmica que determinada cavidade está sujeita.

Além de simplesmente criar uma estratificação com relação ao grau da regurgitação tricúspide, ainda é necessário levar em consideração a variável de acoplamento ventrículo-pulmonar, que também tem evidência suficiente de que impacta no prognóstico.

Enfim, estamos evoluindo e aprendendo muito sobre esses novos métodos e surgem novas variáveis que podem nos ajudar a antever desfechos nos pacientes com cardiopatia estrutural, mas ainda estamos no início dessa curva de conhecimento que os próximos anos vão nos trazer.

Literatura Sugerida: 

1 – Curtis E, Lemarchand L, Lee KC, et al. Right atrial and right ventricular strain: prognostic value depends on the severity of tricuspid regurgitation. Eur Heart J Cardiovasc Imaging. 2024 Nov 27;25(12):1734-1742.

 

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