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Avaliação do Fluxo Aórtico

Estratificador de gravidade no D2

Pacientes com estenose aórtica de baixo fluxo e baixo gradiente, mais comumente denominado de low-flow, low-gradient são classificados clinicamente como estágio D2, em que apresentam queda na fração de ejeção.

Esses pacientes se apresentam, algumas vezes como um grande desafio diagnóstico, pois compreender se se trata de um paciente com estenose aórtica importante que evoluiu com repercussão miocárdica e posterior disfunção sistólica ou se seria um caso de uma estenose aórtica moderada, mas com miocardiopatia primária outra, estando o envolvimento aórtico em grau não tão avançado e paralelo à miocardiopatia em questão.

Para tentar solucionar esse ponto, usa-se o teste de estresse farmacológico com dobutamina em que se avalia a reserva contrátil e a posterior configuração hemodinâmica da valva aórtica.

Em casos de estenose aórtica verdadeira, espera-se que após a infusão de dobutamina, tenha-se uma área valvar menor do que 1cm2, um gradiente médio acima de 40mmHg e uma elevação do volume sistólico em 20%. Mas e quando o indivíduo tem doença vem avançada e não apresenta reserva contrátil? Sem a elevação de 20%, a princípio, deveria-se mudar de método e partir para o escore de cálcio da valva aórtica.

Ainda tentando extrair maiores informações da ecocardiografia, foi desenvolvido um novo parâmetro que pode ser útil nessa diferenciação entre as estenoses aórticas na presença de baixo gradiente e queda na fração de ejeção.

Baseado na fisiologia da contração ventricular, sabe-se que tempos de aceleração máxima do jato de ejeção aórtica estão relacionados com a severidade da doença do miocárdio. Quando tempos esse tempo acima de 100ms, encontramos pacientes com estenose aórtica importante em estágios mais avançados.

Tentando usar esse conhecimento nesses casos de ausência de reserva contrátil, pacientes que tinham tempo de aceleração elevado poderiam ser categorizados como estenose aórtica importante verdadeira, pelo mesmo raciocínio fisiopatológico.

Embora a frequência cardíaca alterasse pouco o tempo ejetivo, foi buscada ainda uma correção adequada que pudesse minimizar os vieses e a relação entre tempo de aceleração dividido pelo tempo ejetivo veio como um parâmetro interessante e com adequada proteção para outras variáveis fisiológicas.

Em casos em que essa relação estava acima de 0,35, ou seja, o tempo de aceleração ocupava mais de 35% do tempo total de ejeção, a correlação com estenose aórtica importante verdadeira se aproximava de 99%, nas avaliações iniciais, trazendo grande informação sem aumentar custo ou risco ao indivíduo.

Esse é um novo parâmetro de um método usado há muito tempo e que tem plausibilidade fisiológica. Em uma validação imposta em grande coorte, poderia ser incorporado à prática clínica e mais, poderia ser incluído em avaliações baseadas em inteligência artificial de novos dispositivos ecocardiográficos portáteis para avaliação beira-leito de pacientes portadores de cardiopatia estrutural.

Seria uma forma rápida e não invasiva de estratificar um paciente tão complexo como a estenose aórtica estágio D2. Será que esse método pega?

Literatura Sugerida: 

1 – Chong A, Wahi S, Wang WYS, et al. Utility of Doppler Systolic Timing Intervals in Discriminating “True” Severe from “Pseudo-Severe” Stenosis in Classical Low-Flow Low-Gradient Aortic Stenosis. J Am Soc Echocardiogr. 2023 Aug;36(8):891-893.

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