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AngioTC na Estenose Aórtica

Tendência no TAVI?

Entendemos que a doença arterial coronariana tem uma fisiopatologia muito similar ao desenvolvimento da estenose aórtica calcífica e, por essa razão, a coexistência de ambas as patologias é frequente no dia a dia do cardiologista.

Quando indicamos uma intervenção na estenose aórtica, estabelecer a presença de doença coronariana e também a necessidade de intervenção conjunta pode, inclusive mudar a técnica escolhida de tratamento. Quadros de doença arterial coronariana grave e difusa poderiam pender na balança para uma cirurgia convencional de revascularização e troca valvar, já quadros de lesões uniarteriais de fácil abordagem percutânea, poderia pender mais para TAVI e angioplastia.

O método padrão ouro atualmente para diagnosticar doença arterial coronariana é a cineangiocoronariografia que, por ser invasiva, tem seus riscos inerentes e devem ser sempre muito bem pensados antes do procedimento. No entanto, outros métodos diagnósticos podem ser usados para tentarmos estabelecer lesões e suas repercussões.

Em um contexto de cada vez mais buscarmos invadir menos os pacientes, abordagens menos invasivas são preconizadas e devem figurar entre as primeiras escolhas na abordagem dos pacientes.

Seguindo o mesmo conceito, pacientes com indicação de TAVI e que sejam de baixo risco e tenham uma anatomia favorável, o uso da ecocardiografia transesofágica intraprocedimento tem sido evitada e a rotina em uma abordagem minimalista é usarmos a ecocardiografia transtorácica para monitorarmos possíveis complicações imediatas.

O uso da angiotomografia coronariana poderia ser uma boa ferramenta pré-procedimento de abordagem valvar aórtica, mas devemos tomar alguns cuidados. Sabemos que o método diagnóstico acaba tendo grande limitação em casos de calcificação extrema das artérias. Os artefatos, nesse momento podem inviabilizar uma interpretação adequada e o paciente acabar, invariavelmente necessitando de uma angiografia invasiva. Mas nos casos de pouca calcificação, a leitura pode ser resolutiva.

Temos dados interessantes de que em casos de escore de cálcio abaixo de 1000U, o valor preditivo negativo de lesão obstrutiva coronariana importante se aproxima de 100%, tornando-se um método eficaz e pouco invasivo que nos traz informações muito valiosas.

Imaginando um paciente com escore baixo e boas imagens dos terços proximais e médios das artérias, a avaliação tomográfica é suficiente para essa observação de screening.

Ainda não podemos expandir essa abordagem de forma disseminada, pois poucos trabalhos colocaram isso a prova de maneira metodologicamente viável, mas em uma tendência cada vez maior de abordagens aórticas precoces, em indivíduos hígidos e com o menor grau de invasividade possível, não é demais imaginar um paciente entre 60 e 70 anos, sendo rastreado para doença coronariana pela angioTC, programada uma intervenção com TAVI guiada por ecocardiografia transtorácica e sedação superficial. Será que só está faltando um acesso vascular radial para pensarmos fortemente em um procedimento de Hospital dia?

Literatura Sugerida: 

1 – Gilard M, Cornily JC, Pennec PY, et al. Accuracy of multislice computed tomography in the preoperative assessment of coronary disease in patients with aortic valve stenosis. J Am Coll Cardiol. 2006 May 16;47(10):2020-4.

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