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Cardiopatia na Gestante

Retaguarda é fundamental…

A cardiopatia estrutural tem sido cada vez melhor avaliada e condutas mais assertivas estão sendo desenhadas, baseadas, principalmente, em evidências robustas de como manejar esses complexos pacientes.

Sempre que lidamos com doenças valvares, um espectro especial de pacientes costuma criar apreensão nos cardiologistas clínicos: a gestante.

Imaginando uma mulher em idade fértil, vem a nossa mente principalmente doença reumática ou mesmo valvopatias congênitas, sendo que o primeiro caso costuma ser extremamente mais complexo de se manejar.

Estima-se que um terço das mortes relacionadas a gravidez ocorram por doenças cardiovasculares e desses casos, observados individualmente, mais de 60% poderiam ser evitados.

Como tem sido preconizado em quase todas nossas matérias, um screening individualizado e adequado fazem completamente a diferença nos casos de cardiopatia estrutural com complexidade elevada.

Vários escores de estratificação de risco foram desenvolvidos e validados para gestações com doença cardíaca. No entanto, muitos deles foram desenvolvidos em ambientes de alta renda, onde a cardiopatia reumática não tem prevalência semelhante ao nosso meio.

Mesmo em meios de renda intermediária, observamos que gestantes portadoras de valvopatias apresentam em torno de 12% de desfechos negativos, apontando para a gravidade dessas pacientes.

Trabalhos mais recentes mostram que, quando esses casos são atendidos em centros capacitados e treinados para esses tipos de pacientes, os desfechos podem ser um pouco melhores.

Outro dado interessante é que sobrecargas de volume, como nos casos de regurgitação aórtica e mitral, a tolerância acaba sendo maior durante a gestação, com evolução nem sempre tão desafiadora.

A incidência de bebês de baixo peso – PIG, fica em torno dos 30%, abortos espontâneos em 10% e cesariana em 25% o que, obrigatoriamente deve motivar ao centro que se propõem a atender esse tipo de paciente uma retaguarda obstétrica especializada e ambientada com casos graves e que apresentem complicações.

Essa é a mesma leitura que temos quando um centro se prontifica a atender cardiopatia estrutural e tratamento transcateter, não basta querer fazer, tem que entregar uma estrutura e retaguarda compatíveis.

Alguns escores clínicos já foram desenvolvidos e apresentam seus benefícios e limitações que um Heart Team especializado seria capaz de avaliar. O uso de medicamentos como anticoagulantes ou betabloqueadores ou mesmo a presença de fibrilação atrial coloca em questionamento esses escores demandando um olhar individualizado nesses casos, bem como sobre as possibilidades terapêuticas que a instituição tenha maior experiência.

Cardiopatia estrutural é complexa por si só, agora imagine as alterações fisiológicas da gestação aliada a presença de outra pessoa envolvida, o feto…

Literatura Sugerida: 

1 – Pande SN, Yavana Suriya J, Ganapathy S, et al. Validation of Risk Stratification for Cardiac Events in Pregnant Women With Valvular Heart Disease. J Am Coll Cardiol. 2023 Oct 3;82(14):1395-1406.

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