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Dispositivos de Nova Geração 2

Avanços tecnológicos – Parte 2

Seguindo na mesma linha do assunto que abordamos na última publicação, novas tecnologias e dispositivos modernos podem trazer benefícios interessantes para serem aplicados no dia a dia da cardiologia clínica.

Muito cuidado deve ser dado à adequada interpretação das publicações que tratam de avanços nessas áreas.

De fato, diversas situações podem fazer sentido quando avaliados exclusivamente a luz do racional fisiopatológico, mas na era da Medicina Baseada em Evidências, entender o real impacto de determinada conduta na população é condição obrigatória para que uma tecnologia passe a ser aplicada e encorajada na prática.

Muito se discute sobre a durabilidade de próteses biológicas e diversas tecnologias têm sido desenvolvidas para esse fim. Desde a forma de conservação dos folhetos, bem como o material em si que esse folheto é constituído e a estrutura tridimensional de seu funcionamento são dados que nos impactam, mas ainda carecem de comprovação clínica adequada.

Um novo tratamento de conservação e anticalcificação tem sido colocado a prova em próteses em uma nova geração de dispositivos. O material RESILIA se propõe a ser um tecido com uma proteção extra contra a calcificação, por uma substância estável que isola os terminais de depósito de cálcio.

O mais interessante é que recentemente pudemos acompanhar o resultado de 1 ano de acompanhamento desse tecido nas próteses TAVI e os resultados são interessantes.

Embora o acompanhamento seja muito curto para se falar em durabilidade, tanto do ponto de vista estrutural, quanto hemodinâmico, as próteses com esse tecido se mostraram em excelente estado ao final desse ano de acompanhamento.

Dados ecocardiográficos de área protética e gradientes se mostraram superiores já na alta hospitalar, justificado não pelo tecido em si, mas sim pela nova conformação espacial dos folhetos dentro do stent.

A avaliação de leak para-protético se mostrou tão bom quanto as gerações mais recentes, embora, estatisticamente, o novo dispositivo teve resultados ainda mais interessantes.

Muito baseado nisso (baixa prevalência de leaks) e uma prevalência muito baixa de sangramentos graves, dados relacionados a mortalidade mostram que essa nova geração de dispositivo tem menor mortalidade ao longo de 1 ano.

Aqui se faz necessária uma intervenção interpretativa. Se entendemos que deterioração de prótese não pode ser vista em apenas 1 ano, impacto de um suposto tecido protético não deve interferir em um desfecho como mortalidade, visto que outras variáveis relacionadas ao folheto não foram alteradas.

Assim, ainda se faz necessário um estudo aprofundado para se tentar explicar as razões de termos dados como mortalidade geral diferentes entre as gerações de dispositivos.

De fato, os dados hemodinâmicos mensurados pela ecocardiografia são melhores, mas não seria o momento de vermos esse impacto interferindo na mortalidade, nem positivamente, nem negativamente.

Os dados iniciais são derivados de banco de dados norteamericanos que nos trazem poucos dados a mais como realização sistemática de tomografia que avaliaria HALT ou mesmo trombose precoce. Dados relacionados a especifidades dos pacientes nem sempre estão disponíveis, como cálcio em via de saída do ventrículo esquerdo, o que pode interferir em achados futuros também.

Literatura Sugerida: 

1 – Kini AS, Tang GHL, Yaryura R, et al. One-Year Real-World Outcomes of TAVR with the Fifth-Generation Balloon Expandable Valve in the United States. JACC Card Interv November 2024. DOI 10.1016/j.jcin.2024.11.015

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