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Doenças Valvares e Esportes

Como devemos manejar? – Parte 1

Em época de copa do mundo, muitos expectadores se animam com a atividade física e, principalmente no Brasil em que o futebol é cultural, essa época acaba por incentivar ainda mais jovens a participar de partidas de futebol em nível amador, mas com intensidade elevada.

Vamos separar esse tema em três postagens para discutirmos com calma esses aspectos que sempre geram dúvida no dia a dia do cardiologista.

Sabemos que boa parte das doenças valvares acaba por se manifestar clinicamente após a sexta década de vida sendo a etiologia degenerativa a principal responsável, mas em jovens não podemos esquecer as valvopatias congênitas e o envolvimento reumático ainda prevalente no país.

Como mecanismo fisiopatológico, toda valvopatia leva a uma determinada sobrecarga hemodinâmica às cavidades cardíacas e quando isso ocorre do lado direito do coração, a tolerância ao exercício físico é melhor. Em valvopatias do lado esquerdo, as predominantemente regurgitativas também apresentam comportamento menos sintomático nos jovens atletas.

Vale ressaltar que, do ponto de vista prático, lesões valvares discretas sem encontrarmos repercussões hemodinâmicas não contraindicam a prática de esportes, mas ser aprovado num exame pré-participação para atleta profissional de elite já é outra conversa que envolve muito mais do que simplesmente condicionamento físico.

A atividade física de alta intensidade em pacientes portadores de doenças valvares pode aumentar o stress hemodinâmico já existente na disfunção valvar, podendo acelerar um determinado processo de degeneração da função sistólica ventricular, ou mesmo o surgimento de arritmias atrias.

Embora essa avaliação seja embasada por plausibilidade fisiopatológica, ainda não temos trabalhos bem desenhados para entendermos essa repercussão, mas pacientes que se dispõem a realizar esportes de alta intensidade e competitivos de elite não toleram adequadamente essa sobrecarga.

Além das doenças valvares, outros detalhes têm que ser observados, como aortopatias associadas, que em estados de elevado débito cardíaco, poderiam aumentar o stress de cisalhamento, podendo teoricamente acelerar dilatações e/ou dissecções

As atuais diretrizes liberam para a prática de atividade física de alta intensidade os pacientes assintomáticos e com lesões discretas. Os indivíduos com lesões consideradas moderadas devem ter acompanhamento de perto quanto a capacidade funcional e possíveis repercussões hemodinâmicas. Devendo salientar que a atividade física de alta intensidade pode levar a dilatações cavitarias que podem confundir o cardiologista a entender se estaria diante de um coração de atleta ou alguma patologia valvar mais avançada. Talvez os parâmetros utilizados para possíveis indicações de intervenção cirúrgica não se apliquem a esse contexto.

Literatura Sugerida: 

1 – Gati S, Malhotra A, Sharma S. Exercise recommendations in patients with valvular heart disease. Heart. 2019 Jan;105(2):106-110.

 

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