Iniciamos uma nova temporada do Valve Basics com um assunto que é complexo e envolve uma abordagem multidisciplinar, a endocardite infecciosa. Patologia que coloca juntas duas grandes especialidades da medicina, a cardiologia com o grande enfoque nas valvopatias e a infectologia.
Pacientes que desenvolvem essa patologia, são, na imensa maioria das vezes, ricos em comorbidades, desnutridos, imunossuprimidos e, quase sempre, portadores de valvopatias.
A lesão característica é a vegetação, composta numa massa amorfa de tamanho extremamente variável com plaquetas, fibrina e microorganismos. Discutiremos mais adiante a fisiopatologia em detalhes.
Vale ressaltar que, antes da descoberta dos antibióticos, todos os pacientes que apresentavam endocardite evoluíam para óbito. O quadro infeccioso que acometia o endocárdio não era contido e, em questão de dias ou semanas, havia choque séptico e morte.
As valvas cardíacas são acometidas na grande maioria das vezes, mas qualquer processo infeccioso que acometa o endocárdio é denominado de endocardite, como infecções de eletrodos e dispositivos cavitários, cordas tendíneas, etc. Infecções de shunts ou coarctações tem evolução semelhante e algumas referências também denominam de endocardite.
Qualquer microorganismo é capaz de causar uma endocardite, mas determinadas bactérias são mais frequentes e merecem sempre ser lembradas diante de um quadro ao menos sugestivo. São elas:
De forma genérica, podemos separar os quadros de acordo com a manifestação clínica predominante em aguda e subaguda. Quadros mais graves e de evolução mais rápida, apresentam maior morbimortalidade e são consideradas agudas. Determinadas etiologias têm esse comportamento mais pronunciado, sendo o maior representante nesse caso o S. aureus. São quadros marcados por intensa toxemia e instabilidade clínica, com destruição completa das estruturas valvares em alguns dias.
Já os quadros mais arrastados têm diagnóstico muitas vezes complexo e alguns casos ficam sendo classificados por semanas como febre de origem indeterminada. Algumas bactérias apresentam esse comportamento, sendo as infecções estreptocócicas a principal representante.
Literatura Sugerida:
1 – Bignoto, Tiago. Valve Basics – Valvopatia do Básico ao Avançado. 1ª ed. São Paulo: The Valve Club, 2021.
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