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Endocardite Infecciosa

Profilaxia – Parte II

As diretrizes americana e europeia advogam profilaxia com amoxicilina (azitromicina em alérgicos) 30 minutos antes do procedimento apenas na seguinte condição:

Paciente de alto risco para endocardite e procedimento odontológico cruento.

São considerados pacientes de alto risco, apenas os portadores de cardiopatia congênita cianótica não corrigida, portadores de próteses cardíacas (incluindo anéis), história prévia de endocardite e receptores de transplante cardíaco com valvopatias.

Se notarmos com atenção, qualquer valvopatia nativa não tem mais a recomendação, segundo esses documentos, para a realização de profilaxia pré-procedimento e abordagens de trato respiratório e gastrointestinal/genitourinária também deixaram de ser contempladas. Diante disso, mesmo com algumas publicações internacionais mostrando uma manutenção nos casos de ocorrência da endocardite, numa população brasileira, a orientação é distinta e mais abrangente.

A recomendação atual é que além dos pacientes contemplados nas diretrizes internacionais, aqueles que apresentem valvopatia moderada a importante, seja ela de qualquer etiologia como degenerativa ou reumática, devem realizar sim a profilaxia antibiótica proposta. Isso se aplica tanto para os procedimentos cruentos odontológicos, quanto para os de trato respiratório, gênito-urinário e gastrointestinal.

Agora talvez o ponto mais importante da profilaxia esteja na abordagem não medicamentosa. O chamado cuidado com a saúde bucal é fundamental para evitar uma endocardite infecciosa. Isso recebe tanto valor que, na diretriz brasileira mais recente, existe a recomendação de 4 visitas anuais ao dentista para assegurar ausência de infecções odontológicas e doença periodontal.

Outro fator fundamental é o pronto tratamento assim que identificado algum foco infeccioso. Infecções urinárias arrastadas ou doenças de pele negligenciadas são focos importantes de entrada de microorganismos na corrente sanguínea. Eventos infecciosos de trato gastrointestinal devem ser tratados com antibióticos com cobertura para enterococo.

Sem a menor sombra de dúvidas, a educação e a promoção da saúde básica é a profilaxia mais eficiente, barata e adequada a ser realizada.

Tatuagens e piercings devem ser desencorajados em pacientes com história prévia de cardiopatia estrutural pelos riscos existentes de gerar bacteremia e possível endocardite. De todos esses procedimentos, provavelmente o de maior risco seja o piercing em língua, pois a cavidade oral é sabidamente contamina e gerar-se-ia uma porta de entrada para uma grande bacteremia.

Se o paciente desconsiderar os riscos, devem, ao menos, realizar o procedimento seguindo as técnicas adequadas de esterilização, antissepsia e paramentação adequadas. Nas diretrizes, essa situação não está contemplada para profilaxia, embora uma avaliação individual seja necessária.

Literatura Sugerida:
1 – Bignoto, Tiago. Valve Basics – Valvopatia do Básico ao Avançado. 1ª ed. São Paulo: The Valve Club, 2021.

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